domingo, julho 30, 2006

A questão da inocência

Nunca acreditei tanto nesta questão, que volto a escrever a respeito. Nada melhor do que a expontaneidade da criança. A isto chamamos de inocência. No caso de um "caminheiro da dharma", agir envolto nesta aura da inocência o torna realmente um ser da prática verdadeira. Costuma-se dizer que somos "crianças de Buda" - Hotoke no kodomo. Assim dizia o então abade do Mosteiro Zuioji, que tive a oportunidade de freqüentar. Penso que assumir a inocência na prática é tirar a máscara das representações mais diversas do convívio social. Não é este caso, mais a inocência da criança, que ainda não passou pela experiência da vida. Do praticante do caminho, a inocência é aquela assumida de forma consciente com o corpo e a mente totalmente desarmados. Desta forma, agimos como fosse a primeira vez, sem os karmas de vida passadas, quer dizer aqueles construídos no contexto histórico. Explico: com a mente livre, totalmente desapegada. Esta mente sem amarras possibilita o praticante ver o mundo não mais pelos olhos do ego, de um self independente, mas pelos olhos de Buda. Não é mais eu que vejo, mas as coisas se fizeram aparecer até mim. Não vejo mais como os olhos egoístas, que somente olham para aquilo que convêm. Os poetas também possuem a inocência no olhar, no cheirar, no paladar. Sentem todo o mundo de maneira livre. Sem condicionamento!
Aqueles que agem com a mente armada, assumindo uma personalidade, nada sabem a respeito do mundo além da "forma" e da "não forma". Continuam prisioneiros das manifestações fenomênicas e acreditando na sua existência. Com o olhar armado nada vêm. Com os ouvidos armados nada escutam. Com a língua armada nada sentem. Com a epiderme armada nada percebem. Ao mesmo tempo que todo o corpo encontra-se coberto, nada o atinge, em contrapartida nada percebe. Mantém-se armado porque temem perder a identidade. Temem que o ego seja atingido. Estes pensam que o corpo lhe pertence, assim como os quatro sentidos. Cinco sentidos, adicionando também a mente. Mas nada lhe pertence, inclusive a mente. Encontram-se estes totalmente deludidos.
Por isso, o praticante que merece usar este nome deve resgatar de dentro de sí a inocência. Nada ele tem a temer. A inocência é um grande trunfo de qualquer praticante. Foi com a inocência que existiu o poeta-monge Saigyo,Ryokan, Ikkyu, Bashô e Santoka. Mais recentemente, Sawaki Kodo. A inocência é a própria verdade. Ao contrário, o não inocente é malicioso, interesseiro e esperto. Assim, ainda que vivamos no mundo temporal, das paixões, do pensamento racional, por algum momento devemos praticar o caminho do monge - o desapego. Somente um inocente consegue desapegar-se.
Os apegados sofrem. Sofrem sobremaneira por causa da existência fenomênica de um ego, que por não ter a inocência, ficam suscetíveis a todas as manifestações da miséria humana. Estão apegados ao próprio egoísmo: de suas opiniões, de seu sofrimento, de seus caprichos, de sua visão estreita de mundo, de seus sonhos e pesadelos, de suas vaidades, de suas neuroses.
Estar com a inocência não é negar o mundo temporal, mas também acreditar no mundo mítico. Penso que o mítico é mais real do que o mundo em que vivemos. A própria inocência pode ser um mito, bem como a existência de monges e praticantes da sabedoria e desapego. Alguns acham que fazer zazen é estar ligado ao mito.Ao invés disso, preferem outras atividades menos ascéticas. Talvez seja mito acreditar na iluminação. Podemos pensar no mito como sendo algo irreal para os não praticantes e mito como real para aqueles que praticam. Se a primeira assertiva é negativa, a segunda nos parece correta, levando-se em consideração o praticante como incorporando o espírito da inocência, que se processa na condição real de existência. A colocação anterior é pura abstração, enquando a outra é experimental. Nesse caso, a inocência é mais autêntica do que as máscaras assumidas pelos não praticantes. Uns necessitam de máscaras, outros não.

quinta-feira, julho 27, 2006

O filho é seu...

Não me lembro do nome do monge, com quem teria acontecido a seguinte história. De qualquer forma, era chinês, isso tenho quase certeza. Assim ouvi a respeito dele. O velho monge vivia numa aldeia e tinha relações cordiais com todos. Sempre ajudou, não medindo esforços para isso. Ninguém alimentava nenhum rancor contra ele, pelo contrário.
Um casal de namorados ficou em apuros quando recebeu a notícia da vinda de um filho. Não era desejável naquele momento. O rapaz desempregado, não sabia como assumir a paternidade. Claro, amava a moça, mas um filho naquelas condições somente iria prejudicar-lhe. Quanto à moça, também comungava de mesma opinião: nada de filhos! Mas o que fazer?
- Podemos dizer que o pai é o monge - disse a moça.
- Isso mesmo - concordou sem pestanejar.
Assim dirigiram-se ao templo e encontrando-se com o monge disseram:
- O filho é seu.
- Ah! é - sem demonstrar nenhuma aflição, o monge tomou a criança nos braços.
Todos da aldeia passaram a repudiar o monge. Não se importando com isso, este cuidou da criança, alimentando-o e educando-o nos primeiros ideogramas ao ensinar-lhe o Sutra do Diamante. A criança cresceu e tornou-se o orgulho de seu protetor. Respeitava todas as formas de vida, inclusive as formigas e lesmas. Quando encontrava um passarinho morto, recolhia o seu corpo e enterrando-o, cobria com pedras. Depois recitava com sua voz infantil as preces ao Bodhisattva Avalokstevara.
Passados alguns anos, o rapaz, o verdadeiro pai da criança reatou com a moça e, como a situação era estável, resolveram reclamar o filho. Explicaram ao monge dos motivos que tinham levado-os a entregarem a criança, mas agora, estavam bem e, por isso, pediam-na de volta.
- Ah é - disse o monge e entregou o filho querido.
Na aldeia todos tinham esquecido do acontecimento. Poucos lembravam que a criança tinha sido entregue pela mãe, acusando o monge de ser o pai. Mas sabedores da verdade, não se importaram com isso. Os que desconheciam a história, ao tomar conhecimento da devolução da criança, acharam normal o filho viver com os pais. Até a raiva que sentiram do monge foi esquecido. Não havia arrependimento para os pais da criança e nem da população. Quanto ao monge, nunca viveu amargurado pela acusação injusta e nem responsabilizava os outros pelo ato insensato.
O monge continuou vivendo como sempre vivera: esmolava, fazia zazen, cantava os sutras e compunha poesia.
Ah é!

terça-feira, julho 25, 2006

sexta-feira, julho 21, 2006

Hacker

Tivemos um ataque ao BLOG! Parece que um hacker, um engraçadinho, publicou comentários elogiosos em todas as mensagens já publicadas até agora. Vou tentar retirar, se não conseguir, desconsiderem tais comentários.

Gasshö,

O Administrador do Blog

quarta-feira, julho 19, 2006

2 tercetos

Noite de inverno.

As mãos ainda quentes

Após o zazen.


Jazem as abelhas

Vítimas de algum veneno.

Manhã de inverno.

terça-feira, julho 18, 2006

Os cabelos brancos

Ainda me lembro como fosse ontem. Uma das mesárias em sua avaliação da monografia apresentada exigiu que o pesquisador tivesse avançado em suas conclusões. Então era uma manhã amena de outono, numa das salas do prédio novo da PUCSP. Por pouco mais de dois anos o colega (tínhamos o mesmo orientador), jovem talento que com menos de trinta anos submetia-se ao programa de mestrado em História versava sua pesquisa na Revolução Mexicana. Tinha por fonte primária as manifestações artísticas, principalmente a pintura. Uma idéia bastante criativa.
De repente, a mesária experiente em sua profissão deu-se conta da idade do pesquisador. Se antes, ela criticava duramente a pesquisa, por sua deficiência, ao olhar para o pesquisador deu-se conta dos acontecimentos: "Você meu jovem, não pode realizar o que propus pois deverá ter cabelos brancos para isso".
Entender algo faz parte do desenvolvimento da vida, quando conseguimos desatar alguns nós das contradições apresentadas nas situações reais. Para isso, não depende unicamente de nossa disposição, mas o mundo oferece condições para tal. Ainda que possamos disfarçar os cabelos brancos com tintura, as rugas com cremes, a celulite com meia elástica, a mente não pode ser disfarçada. Chega-se um tempo que os mais de quarenta são dispensados, os de cinqüenta são descartados e os de sessenta aposentados. Este é o modelo econômico em que vivemos e continuamos a reproduzir no decurso da história. Somos máquina e engrenagem dele. Talvez os mais jovens não entendam estas palavras. Mas não falo a eles. Dirijo-me a vocês, que atravessam esta situação. Como agir? Não seria o momento de mudar a mente decaída na ilusão para a mente da iluminação?
Neste momento, ter cabelos brancos pode ser um grande prêmio. Para o historiador significa sabedoria. Ainda me lembro do semblante calmo e os cabelos brancos em forma de tufos do historiador inglês Eric Hobsbawm, que tive a oportundiade de conhecê-lo pessoalmente numa livraria no bairro do Pacaembu em São Paulo. Era final dos anos 90, beirando o século XXI. O autor marxista que tanto contribuiu na minha formação, em leitura apaixonada para entender o advento do capitalismo nos séculos XIX e XX, estava à minha frente, isento de vaidade, com a calma das grandes inteligências. Nada precisava ser velado para ele, inclusive os cabelos brancos.
Por falar em sabedoria, os mestres do zen são conhecidos por roshi. Quer dizer honorável ancião. No oriente os que ultrapassam os sessenta anos voltam a ser crianças e, por isso, podem se comportar da maneira que bem entenderem sem a crítica dos outros. Num processo cíclico, podemos dizer que a criança vai ser o velho de amanhã, o velho foi a criança de ontem. Mas o velho pode ser uma criança ao viver a esperança desta, em sua pureza ingênua, e a liberdade de desenvolver toda a sua potencialidade criativa pois tem a sabedoria. Dito de outra forma, todos deveriam se tornar monges antes que seja tarde. Abandonem toda a vaidade. Ao invés de tingir os cabelos, cortem-nos. Serão livres definitivamente ao ponto de comungar com a sabedoria tão próxima de nós, que ainda não temos capacidade de perceber.

segunda-feira, julho 17, 2006

O grau de entendimento

Seria grande pretenção dizer que eu tenha entendido alguma coisa a respeito da prática zen. Entretanto, algo mudou em minha vida nestes dezoito anos de ordenação como monge. Nos primeiros cinco anos apenas sentia o objeto da verdade ainda coberta por uma camada de verniz. Época em que a dúvida confundia-se com as minhas crenças, quer dizer falta de crença, que apontava para o total ceticismo. Mais tarde entendi, pela primeira vez, que para a existência do cético era necessário a sua contraparte: o ego cético. Com ênfase, quem duvidava era o ego criado pelas circunstâncias apresentadas em minha vida. Uma vez que este ego foi abandonado a duras penas, não apenas por opção, mas também pelas condições que me cercavam, a mente girou num ângulo inverso. Penso que antes, a prática zen tinha sido norteada através de uma dialética em oposição ao mundo que negava. Não precisamos negar nada. Ao invés disso, poderemos dar menos importância à mente que nega ou que afirma.
Ainda que a mente viaje numa velocidade bem acima dos movimentos do corpo, tornando incompatível uma sintonia entre a matéria e o espírito, causando desastres, é pela mente que o entendimento num primeiro instante se realiza. Por isso, gostamos tanto de literatura. Adoramos os livros de Shunryu Suzuki, de Thich Nat Hanh, de Deshimaru e outras porções informativas que acabam por nos inspirar. Através destes entendemos o fim último da prática, sem, no entanto, ter experimentado o processo. Por isso, na tentativa de treinar o corpo da maneira como a mente recebeu as informações surge a primeira frustração: o corpo não realiza aquilo que a mente sabe. Não demora muito para o praticante desistir. Desistência esta que se justifica por causa do ego, que não suporta a humilhação de ter que repetir constatemente exercícios que demora para ser assimilado. Quem sabe, se a mente tivesse sido abandonada o corpo aprenderia com mais rapidez. Talvez por insegurança, o ego não foi abandonado.
E quando o ego não é abandonado, ainda ele conserva como depositório de frustrações, medos, recalques, caprichos e todo uma parafernálida de lixo cármico. Poderíamos dizer que a eliminação do carma ocorre na mesma proporção que o abandono do ego. Mas isso não acontece pois a ilusão engana os nossos sentidos. E sentimos tudo emanados pela ilusão.
Também agi bem intencionadamente mas preso em minha ilusão. Crente na eficácia de um treinamento rigososo, esqueci que os graus de entendimento dos praticantes eram diferentes. Alguns aprendem rápido. Outros, totalmente condicionados a agirem de forma inadequada entendem de forma errada ou ainda lenta. Lembro-me como atuava o mestre Koichi Miyoshi, de maneira diferente conforme o praticante. Ele sempre foi muito rígido comigo, medindo a minha paciência e provocando incessantemente a minha auto-estima. Nunca reclamei disso, pelo contrário. Enquanto isso, ele se desfazia em delicadezas com outros praticantes, igualmente discípulos dele. Incapaz de dirigir-lhes uma palavra indelicada, para o mestre Miyoshi havia "duas moedas e duas medidas". Com ele aprendi que não temos que ser iguais para todos, pois entre estes há diferença. Se a compaixão para os fracos é a docilidade, para os fortes é a exigência extremada. Os mestres sabem como tratar cada um de seus discípulos, de acordo com o entendimento de cada um. Agradeço por ele ter sido intransigente comigo.
Para os excessivamente apegados a um eu próprio, fechar os olhos para isso pode ser uma falsidade, mas tornarmo-nos senhores da verdade, fazendo tudo para a destruição de sua ilusão pode ser leviano. Seria melhor que o fluxo da correnteza do dharma possa carregar as folhas da ilusão, quando estas desprenderem-se do galho. E folha verde não cai. Resiste.

Ipês espalhados

Ipês espalhados.
Saltitando na calçada
o velho e o menino.

sexta-feira, julho 14, 2006

A flauta

Antes mesmo do aparecimento dos grandes mestres do zen japonês, houve um em que os registros comentam laconicamente a respeito. Sabedor de que um novo entendimento de budismo tinha aparecido no Japão, o dirigente de um feudo chamou-o para uma explanação. Toda uma comitiva foi convidada para o evento. O monge surgiu cabisbaixo, sem nenhum ornamento e dirigiu-se diante de toda a platéia e retirou de sua bolsa uma pequena flauta. Apenas uma nota e se foi, sem nada mais dizer. Nunca mais se ouviu falar dele.

terça-feira, julho 04, 2006

Determinação

"Quando corvos encontram uma serpente moribunda, agem como águias. Quando me vejo como vítima, sou ferido por frívolos fracassos."

Shantideva

segunda-feira, julho 03, 2006

Cerimônia do Chá II

Fazendo o que Deve ser Feito Como Deveria ser Feito

Com 80 anos de idade, o mestre chinês Zhaozou era abade no templo Guanyinyuan de Zhaozou, onde por um período de 40 anos ensinou sua versão pessoal do Zen. A seguinte estória é sem dúvida ligada ao templo Guanyinyuan.

Certa vez um noviço veio até Zhaozou e perguntou, "Sou um noviço, você tem alguma instrução para mim?".

Zhaozou disse: "Já tomou o desjejum?".

O noviço respondeu, "Sim, já".

Zhaozou então disse, "Se você já terminou o desjejum, lave sua vasilha".
Em outras palavras, faça o que deve ser feito como deveria ser feito.

Este é o Budismo e é bem parecido com o que Keizan Zenji queria dizer quando disse, "Quando é hora para o chá, beba; quando é hora da refeição, coma".

A essência da cerimônia do chá é a mesma coisa. Uma vez que a lista de convidados é determinada, o anfitrião prepara tudo meticulosamente no mesmo dia em que os visitantes chegam. No dia da cerimônia do chá, checa mais uma vez para ter a certeza de que tudo está certo. Pendura o pergaminho e o arranjo floral na sala de cerimônia do chá. Varre o pavilhão de espera, rega as plantas na passagem do jardim e aguarda os convidados. Ele faz tudo o que deveria ser feito. De fato, diz-se que a cerimônia do chá consiste em fazer as coisas que deveriam ser feitas todos os dias na sua totalidade.

Reportagem publicada na revista "Caminho Zen", vol. 8, nº 1-2003, pgs. 4-8, publicada pela Sotoshu Shumucho. 2ª parte.

domingo, julho 02, 2006

Ipê rosa de minha (nossa) rua



Diante de mim

a flor de ipê flutuando.
Meus olhos despencam!

Apenas um sorriso no rosto

Toda vez que olho diretamente para a imagem de Buda, aquela que orna o altar do Templo Busshinji, sinto uma imensa alegria. Há naquele rosto um sorriso misterioso. Seus olhos finos, orelhas grandes e nos lábios um silêncio que fala profundamente em nossa sensibilidade. De onde quiser que estejamos, ele nos sorri. É um sorriso encorajador: jamais desistam! Mais do que isso, é um sorriso de compaixão. Quebra na hora qualquer resistência, o nosso egoísmo; as carrancas se desfazem e a ignorância desaparece. Inspirado naquele sorriso, não pude deixar de revelar em meu rosto um pouco de sua magia. E passei a procurar no rosto dos outros sorriso parecido. O rosto de Buda deve haver muitos no mundo mas um deles, para mim, foi o mais significativo.
Naquela manhã, durante o kyoten, alguém de corpo esguio, de passos leves, quase desapercebido aos ouvidos, sentou-se próximo a mim. Somente após as duas sessões matutinas do zazen, percebi de quem se tratava. Ela tinha freqüentado o templo em 2001, logo percebi. Uma maneira peculiar de segurar o zafu (abraçado). Assim tinha ensinado o Superior Miyoshi. Depois mudamos, adaptando a forma da maneira correta, utilizada atualmente nos mosteiros japoneses. Bem, não era este o assunto que interessa. Retornemos àquela moça. Convidamo-a a participar do choka - cerimônia matinal. Terminada esta, ela sempre mostrando um enorme sorriso, de maneira expontânea e escancarada, pediu para orar diante de Kanzeon Bosatsu. Nada anormal aquela atitude. Muitos fazem isso, de manhã. Sempre bastante discreto, dirigi-lhe a palavra demostrando a minha felicidade de vê-la novamente no templo. Ela disse que iria ao Hospital das Clínicas. Sabia que ela vivia em Foz do Iguaçu e vinha às vezes a São Paulo. Em minha ingenuidade, pensava que ela fosse alguma aluna de medicina em estágio. Ledo engano. Depois que ela se foi, através dos amigos mais diretos em suas especulações, soube que ela tinha uma doença muito grave. Estava explicado o motivo das viagens.
Aquela moça, que não me permito revelar o nome, tinha o mesmo sorriso de Buda. Com todos os problemas do mundo, uma doença, ainda assim não tinha perdido o inocência: sorria. Depois disso não a vi mais. Tenho o seu endereço, mas não me encorajo escrever-lhe. Foi esta uma das melhores lições em minha vida e aquele encontro não foi por acaso. Toda vez que me lembro disso, não tenho motivos para reclamar.