sexta-feira, abril 30, 2010

Aprendendo com o silêncio

Numa certa ocasião, assistia a uma sessão de mondo, lá no Mosteiro Pico dos Raios, em Ouro Preto, quando um monge foi questionado: “O que o teu mestre te ensinou?”. Manteve-se em dúvida por alguns momentos, pensando na melhor resposta. Eis que, do fundo ouvimos com estrondo. “Só ensinei o silêncio”, dizia energicamente o monge Tokuda Igarashi.
Aprender a silenciar é a maior das sabedorias. Quando estamos diante da imagem de Buda, ele diz sem proferir palavra alguma. Mas os deludidos querem argumentar e contra-argumentar, caindo nas malhas da ilusão. Quando um iludido comete uma provocação os outros respondem imediatamente, caindo também na ilusão. Quando um Buda se mantém em silêncio, todos os outros se tornam Buda e silenciam-se.
Mas estamos à mercê do apego, da raiva e da ignorância. São conhecidos por três venenos. Toda vez que as três raízes maléficas se juntam existe o confronto, pois o outro, provocado e provocador se tornam um na ilusão. Diante de uma pedra atirada, não se deve revidar, nem por legítima defesa. Se levar um chute não revida. Se levar uma cuspida, não revida. Assim agem todos os mahasattvas, os bodhisattvas, todos os arhats. Que possamos aprender com os erros cometidos mas cair novamente no erro é uma questão de bom senso.

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