quarta-feira, maio 05, 2010

Encontro dos diferentes

Assim ouvi esta história: Havia na antiga civilização Sung um mestre muito experiente que desejava se encontrar com um outro, à maneira do primeiro, de grande inteligência e avesso às intrigas e discussões levianas. Teria sido por intermédio de um emissário que o encontro foi programado. Seria no outono, quando as folhas começavam a tornar-se rubro. O primeiro mestre receberia o segundo em seus aposentos, numa ermida erguida num bosque.
Chegou o dia do encontro. O primeiro mestre estava sentado em sua almofada, diante de um fogareiro. Ele preparava chá de jasmim e alguns biscoitos de gergelim torrados. Assim que chegou, não precisou ser anunciado. Descalçou as sandálias e ingressou naquele ambiente. Retirou de um bolso uma porção de incenso em pó, feito de uma resina perfumada, e queimou diante da imagem de Buda. Em seguida, sentou-se diante do seu anfitrião. Tomou o chá e comeu o biscoito. Após uma hora ele se foi, de maneira discreta e silenciosa. Durante o encontro nenhuma palavra foi trocada, além de seus gestos comeditos e olhares de confiança e amizade.
A chaleira crepitava ao fogo, quando o primeiro mestre sentindo uma imensa alegria disse: "Ele é realmente um grande mestre, que se tornou em meu amigo". O outro, que cruzada as pedreiras, olhando para trás, disse: "Foi o melhor encontro que tive em minha vida".

Um comentário:

  1. A melhor musica é o silencio;
    melhor poesia mora na observação silenciosa;
    O que és é tão esplendoroso que mal consigo ouvir o que você fala

    Gasshô

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