sexta-feira, maio 07, 2010

Quando cala

O ponto - entre o umbigo e o sexo - o lugar
entre a morte e o nascimento - o caudal
do movimento em movimento...

onde não há ir, nem vir
...

Olhar a rosa de relance e saber toda sua circunferência
Ser a essência também do cravo amarelo - ser ausência

Expressar o que vê e sabe - do que os livros carecem
Não adiar, nem regurgitar - saber porque traz
Não evitar nem cegar este corpo-coração que só pode agora

Se não sabe exaspera? Perde o encontro?

...

E partir de onde pousam os aviões de silêncio
que os meninos lançam do alto dos edifícios

Adentrar a floresta e pisar com cuidado
como se faz nos cemitérios,
vertendo a voz que ouve beija-flores
e gotas de orvalho sobre o limo

Porque falar é ouvir na contra-mão
Falar é ouvir com os olhos e com o sangue
- todo tato que abraça carne e ossos -

Falar é calar.

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