sexta-feira, fevereiro 29, 2008

Carma

Não temos os "nossos carmas",
os carmas são os carmas do mundo.
E é para eles que se dirige o (ZA)ZEN que praticamos.
Cada aqui e agora descoberto é nossa oração para o mundo.

Não salvamos a nós, salvamos o mundo.
Assim entoamos os votos do BODHISATTVA ao fim do dia.

Quem disse isso, eu não sei.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

O inimigo sou eu

Recentemente num consultório médico me deparei com uma reportagem muito interessante, como a reportagem era grande, pedi a revista para a secretária que me deu sem problemas. É a história de uma jornalista que foi enviada pelo seu editor para fazer um retiro de meditação no interior do Rio. O que era uma tarefa profissional apenas, acabou transformando profundamente a vida da jornalista.

"Esta é a história de uma aventura que desafia os limites do corpo e da mente. A repórter de ÉPOCA fez um retiro de meditação, no interior do Rio de Janeiro. Foram dez dias sem falar, ler ou escrever, mais de uma centena de horas imóvel. O objetivo do curso era mudar o funcionamento da mente para eliminar o sofrimento. Dos 61 participantes, cinco desistiram em diferentes etapas do percurso. A seguir, o relato dessa longa viagem pela geografia interior"

Leia a matéria na íntegra.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008


"Se em todos os momento e em todos os lugares nós firmemente mantivermos nossos pensamentos livres de desejos imaturos, e agirmos sabiamente em todas as ocasiões, então estaremos praticando Prajna (sabedoria). Uma única noção imatura é suficiente para afastar Prajana, enquanto que um único pensamento sábio irá trazê-lo de volta novamente."

Sutra da Plataforma, Hui-Neng

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Kômyôzô Zanmai

O Samadhi do Celeiro da Grande Sabedoria

Não procure a iluminação. Não tente escutar os fenômenos ilusórios. Não odeie os pensamentos que surgirão, nem os ame, e sobretudo não os guarde. De qualquer maneira, pratique o grande fundamento, aqui e agora. Se você não guardar o pensamento, ele não voltará por si só. Se você se entregar à expiração e deixar a inspiração enchê-lo, em um vaivém harmonioso, nada mais restará do que uma almofada sob o céu vazio, o peso de uma chama.

Se você não esperar nada do que faz e negar a considerar o que quer que seja, poderá eliminar tudo apenas pela meditação sentada.

Apesar de as oitenta e quatro mil ilusões irem e virem, se você não lhes der importância e as abandonar, nesse momento, de cada uma delas, uma depois da outra e todas juntas, poderá surgir o maravilhoso mistério do celeiro da grande sabedoria.
Não há apenas a sabedoria do tempo de meditação sentada. Há também aquela que, passo a passo, ato após ato, faz você ver progressivamente que cada fenômeno pode se realizar instantaneamente, independentemente de sua inteligência e de seu pensamento. Essa é a certificação verdadeira e autêntica de que o fenômeno existe sem perturbar a manifestação da sabedoria. É o poder espiritual do não-agir pela luz que ilumina a si mesma. Por isso, mesmo que muitos buddhas compreendam a sabedoria no samsara, eles não são do samsara. E, estando livres no nirvana, também não estão lá.

Na hora do seu nascimento, a sabedoria não existia.

Na hora da sua morte, ela não desaparecerá. Do ponto de vista do estado búddhico, ela não aumenta. Do ponto de vista dos sentidos, não diminui.

Assim como, quando tem ilusões ou dúvidas, você não pode fazer a boa pergunta; do mesmo modo, quando você obtiver a iluminação, não poderá expressá-la. Momento após momento, não considerará nada com a consciência. Durante todas as vinte e quatro horas do dia, você deve ter a calma e a grande tranqüilidade dos mortos. Não pense em nada por sua iniciativa. Assim, praticando a expiração e a inspiração, sua natureza profunda e sua natureza sensitiva se tornarão, inconscientemente, o não-saber, a não compreensão.

A partir daí, tudo poderá se tornar naturalmente calmo, irradiação da sabedoria, na unidade da mente e do corpo. É por isso que, quando a chamamos, ela deve responder depressa. É uma só e a mesma sabedoria que harmoniza num todo as pessoas da iluminação e as das ilusões. Assim, mesmo que se ponha em movimento, o movimento não deve perturbá-lo. E a floresta, as flores, as hastes de relva, os animais, os seres humanos, todos os fenômenos — longos ou curtos, quadrados ou redondos — serão compreendidos automática e independentemente de sua inteligência e ação pessoal do seu pensamento.

Não se apegue às roupas, nem à comida, nem à casa. Não sucumba ao desejo sensual nem ao aperfeiçoamento do amor, semelhantes às práticas animais.

É inútil interrogar os outros sobre a sabedoria, já que a sabedoria deles não pode ser de qualquer utilidade para você.
Originalmente, esse samadhi é o lugar de prática sagrado, como o oceano de todos os buddhas. Então, é o maior e mais sagrado de todos os fundamentos transmitidos diretamente pelo Buddha através da prática sagrada universal. Como é um discípulo do Buddha, você deve praticar a meditação sentada tranqüilamente sobre seu assento.

Não se sente sobre a almofada do inferno, dos pretas, dos animais ou asuras, nem mesmos dos humanos ou deuses. Apenas pratique o simplesmente sentar-se. Não desperdice o tempo. Aí está o que chamamos de autêntico espírito do dôjô, o verdadeiro samadhi do celeiro da grande sabedoria, a iluminação maravilhosa e esplêndida.


Koun Ejo
Fonte: Dharmanet

Kômyôzô Zanmai

O Samadhi do Celeiro da Grande Sabedoria

Não procure a iluminação. Não tente escutar os fenômenos ilusórios. Não odeie os pensamentos que surgirão, nem os ame, e sobretudo não os guarde. De qualquer maneira, pratique o grande fundamento, aqui e agora. Se você não guardar o pensamento, ele não voltará por si só. Se você se entregar à expiração e deixar a inspiração enchê-lo, em um vaivém harmonioso, nada mais restará do que uma almofada sob o céu vazio, o peso de uma chama.
Se você não esperar nada do que faz e negar a considerar o que quer que seja, poderá eliminar tudo apenas pela meditação sentada.

Apesar de as oitenta e quatro mil ilusões irem e virem, se você não lhes der importância e as abandonar, nesse momento, de cada uma delas, uma depois da outra e todas juntas, poderá surgir o maravilhoso mistério do celeiro da grande sabedoria.
Não há apenas a sabedoria do tempo de meditação sentada. Há também aquela que, passo a passo, ato após ato, faz você ver progressivamente que cada fenômeno pode se realizar instantaneamente, independentemente de sua inteligência e de seu pensamento. Essa é a certificação verdadeira e autêntica de que o fenômeno existe sem perturbar a manifestação da sabedoria. É o poder espiritual do não-agir pela luz que ilumina a si mesma. Por isso, mesmo que muitos buddhas compreendam a sabedoria no samsara, eles não são do samsara. E, estando livres no nirvana, também não estão lá.
Na hora do seu nascimento, a sabedoria não existia. Na hora da sua morte, ela não desaparecerá. Do ponto de vista do estado búddhico, ela não aumenta. Do ponto de vista dos sentidos, não diminui.

Assim como, quando tem ilusões ou dúvidas, você não pode fazer a boa pergunta; do mesmo modo, quando você obtiver a iluminação, não poderá expressá-la. Momento após momento, não considerará nada com a consciência. Durante todas as vinte e quatro horas do dia, você deve ter a calma e a grande tranqüilidade dos mortos. Não pense em nada por sua iniciativa. Assim, praticando a expiração e a inspiração, sua natureza profunda e sua natureza sensitiva se tornarão, inconscientemente, o não-saber, a não compreensão.

A partir daí, tudo poderá se tornar naturalmente calmo, irradiação da sabedoria, na unidade da mente e do corpo. É por isso que, quando a chamamos, ela deve responder depressa. É uma só e a mesma sabedoria que harmoniza num todo as pessoas da iluminação e as das ilusões. Assim, mesmo que se ponha em movimento, o movimento não deve perturbá-lo. E a floresta, as flores, as hastes de relva, os animais, os seres humanos, todos os fenômenos — longos ou curtos, quadrados ou redondos — serão compreendidos automática e independentemente de sua inteligência e ação pessoal do seu pensamento.
Não se apegue às roupas, nem à comida, nem à casa. Não sucumba ao desejo sensual nem ao aperfeiçoamento do amor, semelhantes às práticas animais.

É inútil interrogar os outros sobre a sabedoria, já que a sabedoria deles não pode ser de qualquer utilidade para você.
Originalmente, esse samadhi é o lugar de prática sagrado, como o oceano de todos os buddhas. Então, é o maior e mais sagrado de todos os fundamentos transmitidos diretamente pelo Buddha através da prática sagrada universal. Como é um discípulo do Buddha, você deve praticar a meditação sentada tranqüilamente sobre seu assento.

Não se sente sobre a almofada do inferno, dos pretas, dos animais ou asuras, nem mesmos dos humanos ou deuses. Apenas pratique o simplesmente sentar-se. Não desperdice o tempo. Aí está o que chamamos de autêntico espírito do dôjô, o verdadeiro samadhi do celeiro da grande sabedoria, a iluminação maravilhosa e esplêndida.


Koun Ejo
Fonte: Dharmanet