quinta-feira, novembro 27, 2008

Onde encontrar o Dharma

Uma vez, fiz um vídeo-retrato de uma pantera negra. Depois de tirar as correntes do animal, parte da equipe saiu e a domadora avisou: "Se a pantera correr em direção a você, não se mova". Durante a filmagem, o animal ficou meia hora sem se mexer, assim como eu e os técnicos. O que foi marcante é que, de certa maneira, todos nos sentimos como a pantera: estávamos todos escutando e respirando juntos. Havia uma entidade na sala. E estávamos ouvindo não só com os ouvidos, mas da forma como uma pantera ouve: com o corpo. Uma das chaves para entender todo o meu trabalho é a natureza de um animal. Acho que foi [o escritor e dramaturgo alemão Heinrich von] Kleist (1777-1811) quem disse que um bom ator é como um urso: jamais será o primeiro a atacar. Bob Wilson, dramaturgo, para a Folha de São Paulo



Na floresta de madeira de sândalo não cresce nenhuma outra árvore. Só os leões vivem nessa floresta profunda, densa, silenciosa. E por toda parte, nesse bosque tranqüilo, os leões brincam livremente. Todos os animais da terra e todos os pássaros do céu fogem do leão; só os leõezinhos caminham atrás do leão. Com apenas três anos de idade, eles já são capazes de rugir. E mesmo se os chacais quisessem imitar esses leões, reis do Dharma, eles não poderiam impedir que os cem mil demônios abrissem a boca livremente.Yoka Daïshi, do livro Shodoka - O Canto do Satori Imediato

quarta-feira, novembro 26, 2008

Sesshin da Iluminação 2008

Sesshin da Iluminação – Busshinji

Estão abertas as inscrições para o Sesshin da Iluminação (Rohatsu Sesshin) no Templo Busshinji, São Paulo. As atividades iniciam-se no dia 10, a partir das 9 horas. Na parte da manhã serão dadas instruções gerais e a maneira de se utilizar o oryoki, para as refeições formais. Serão entregues também o livro de orações. Após o almoço, às 13h15, haverá o ingresso do monge Shussô (líder dos alunos e demais monges) e a Cerimônia de Abertura.
As atividades diárias iniciam-se às 6horas, estendendo-se até às 19h30. No total haverá dez sessões de zazen, de 40 minutos, 10 minutos de kinnhin, e 10 para o uso do banheiro. As refeições da manhã (Tempatsu) e o almoço (Tempatsu) serão realizados na Sala de Buda, na postura de zazen. O chá da tarde, igualmente, nesta posição. O jantar (yakuseki) será feito de maneira informal, na sala de chá.
No encerramento deste sesshin da Iluminação, atendendo a tradição deste templo e, igualmente, outros centros de prática, as atividades estender-se-ão até as 3 horas, da manhã de 17. Após a finalização, haverá uma cerimônia de encerramento e de iluminação do príncipe Sidharta, que se tornara no Buda. De acordo com a transmissão, Buda sentara-se no décimo segundo mês por sete dias, sendo que na manhã do sétimo, ele alcançara a libertação. Esta experiência é realizada também pelos alunos inscritos no Sesshin da Iluminação. Nesta manhã, o monge superior (Docho) submete-se ao shosan, quando alguns praticantes colocam questões (mondo) a ele, e respondidas publicamente.
Na cerimônia, os praticantes têm a oportunidade de servirem-se de gomishuku (alimento dos cinco paladares), remetendo-se ao encontro de Sidharta com a camponesa Sujata. Diz a lenda que Sujata teria oferecido para o príncipe aquele alimento, assim pode recuperar-se do desgaste e, fortalecido, logrou obter a iluminação.
Para este sesshin, o custo é de R$ 200. Não temos no momento uma infra-estrutura para acomodar os praticantes. Por isso, para aqueles vêm de lugares distantes, um hotel nas proximidades deve ser providenciado. Quanto a isso, a recepção do Templo Busshinji poderá fazer a reserva. Informações pelo telefone 11-3208-4515. Rua São Joaquim, 285, Liberdade, São Paulo.

sexta-feira, novembro 21, 2008

No caminho do meio, a pedra é o caminho


Se todo carma é ação
está além da reação.
Cada objeto nesse mundo
é puro percurso, pura ação.

Todo objeto é caminho.
A banana, da terra ao cacho
A pedra, do pó ao pó
A montanha, em seu movimento incessante

Todo objeto vai do ponto A ao ponto B
A raiva passa
O amor vem e vai
A amizade também tem seu tempo

A atenção-plena é acessada apenas pela atenção-plena.
Toda verdade não prescinde da verdade para ser observada.
Ela abre os olhos de quem a procura profundamente
eliminando toda a ignorância do percurso.
Se há medo ou desânimo, a verdade diz que é ilusão
Se há alegria, diz que é só a metade
Se encontra a liberdade, diz: é Verdade!

Mas como saber se é liberdade, se dela não se provou?
Como buscar a liberdade sem saber a verdade?
Mas... e quem vai querer?

Renasce o sol miudinho nos meus olhos tristes
Rebenta um vulcão na boca do estômago
Me visita todo dia pela manhã o Sabiá Laranjeira.
Pergunto a ele o que é a liberdade
Ele me olha atento e deixa chegar bem pertinho
depois voa com uma pitanga no bico.

Fico não pensando nisso.

quarta-feira, novembro 19, 2008

Zazenshin (completo)

A lanceta da meditação sentada
(Dogen Zenji)

Agora, mais de 80 anos desde [os dias do] Mestre Chan Hongzhi, lendo seu “Lanceta da Meditação Sentada”, eu compus esse “Lanceta da Meditação Sentada”.

Função essencial de todos os budas,
Essência da função de todos ancestrais –
Presente sem pensar;
Completo sem interagir.
Presente sem pensar,
sua presença é inerentemente íntima;
Completo sem interagir,
Sua completude é inerentemente confirmada.
Sua presença inerentemente íntima
É sempre sem manchas ou impurezas;
Sua completude inerentemente confirmada,
É sempre sem o ereto ou o inclinado.
Intimidade sempre sem manchas ou impurezas,
sua intimidade abandona sem jogar fora;
Confirmação sempre sem ereto ou inclinado,
Sua confirmação realiza esforço sem expressar.
A água é completamente límpida até a terra;
Um peixe segue adiante como um peixe.
O céu é vasto por todo o firmamento,
Um pássaro voa exatamente como um pássaro.

Não é que a “Lanceta da Meditação Sentada” do Mestre Chan Hongzhi não tenha expressado corretamente isso, mas isso também pode ser dito dessa forma. Acima de tudo, descendentes dos budas e ancestrais devem estudar a meditação sentada como “o grande assunto”. Esse é o selo autêntico da transmissão única.

A lanceta do zazen
(Hongzhi Zhengjue) [Wanshi Shogaku]

Apresentação de Dogen Zenji:
Entre as “Lancetas da Meditação Sentada”, a única que é dos budas e ancestrais é a do Reverendo Zhengjue, o Mestre Chan Hongzhi, do Monastério Tiantong, renomado Monte Taipai, no distrito de Jingyuan, na Grande Song. esse é uma verdadeira "lanceta da meditação sentada". Essa expressa corretamente. Sozinha, radia através da superfície e do interior do reino do dharma. É [a declaração de] um buda e ancestral entre budas e ancestrais do passado e presente. Budas anteriores e budas posteriores foram lancetados por essa “Lanceta”; ancestrais do presente e do passado aparecem dessa “Lanceta”. Eis essa “Lanceta da meditação sentada” (Dogen Zenji, Zazenshin).


Lanceta da meditação sentada
Zhengjue, por designação imperial Mestre Chan Extensa Sabedoria

Função essencial de buda após buda,
Essência da função de ancestral após ancestral
Saber sem tocar coisas,
Iluminar sem encarar objetos.
Sabendo sem tocar as coisas,
Seu saber é inerentemente sutil;
Iluminando sem encarar os objetos,
Seu iluminar é inerentemente misterioso.
Seu saber inerentemente sutil,
É sempre sem qualquer pensamento discriminativo;
Seu iluminar inerentemente misterioso,
É sempre sem nem um fio de cabelo de indício.
Sempre sem pensamento discriminativo,
Seu saber é raro e insuperável;
Sempre sem nenhum fio de cabelo de indício,
Seu iluminar compreende sem agarrar.
A água é límpida até o fundo;
Um peixe indolentemente segue adiante.
O céu é vasto sem horizonte;
Um pássaro voa ao longe, bem longe.


Comentário de Dogen Zenji
A “lanceta” nessa “Lanceta da Meditação Sentada” significa “a manifestação da grande função”, “o comportamento além da imagem e do som”; é a “sutura antes que seus pais nascessem”. Significa "é melhor você não difamar os budas e ancestrais"; "você não evita destruir seu corpo e perder sua vida”; é “uma cabeça de um metro e um pescoço de cinco centímetros” [alusões a expressões clássicas do Chan para sabedoria, aqui vistas como “lancetas” médicas (nota da Tradução inglesa)].

"Função essencial de buda após buda". Os budas sempre tomam os “budas” como sua “função essencial” – essa é a “função essencial” que é concretizada aqui; isso é “meditação sentada” (Dogen Zenji, em Zazenshin).

Tradução: Koun

segunda-feira, novembro 17, 2008

Soanka

Canção da Cabana coberta de relva

(Sekito Kisen)

Construí uma cabana de relva onde não há nada valioso.
Após me alimentar, eu relaxo e tiro uma soneca.
Quando ela ficou pronta, novas ervas brotaram.
Agora nela se mora coberto por trepadeiras.
A pessoa na cabana vive aqui calmamente,
Sem se prender ao dentro, ao fora ou ao entre.
Nos lugares em que as pessoas do mundo vivem, ela não vive.
Os domínios que as pessoas do mundo amam, ela não ama.
Apesar de a cabana ser pequena, ela contém o mundo todo.
Em três metros quadrados, um velho homem ilumina formas e sua natureza.

Um bodhisattva do Grande Veículo confia sem dúvida.
As pessoas medíocres ou rasteiras não podem evitar divagar:
Essa cabana vai ou não se estragar?
Estragável ou não, o mestre original está presente,
sem se deter no sul ou norte, leste ou oeste.
Firmemente fundado na estabilidade, não pode ser superado.
Abaixo dos verdes pinheiros, uma janela luminosa –
Palácios de jade ou torres de rubi não podem ser comparados com isso.

Apenas sentar com a cabeça coberta, todas a coisas descansam.
Assim, esse monge da montanha definitivamente não entende.
Vivendo aqui ele não mais se esforça para se libertar.
Quem orgulhosamente providenciaria assentos, tentando seduzir convidados?
Vire ao contrário a luz para que brilhe no interior, então apenas retorne.

A vasta e inconcebível fonte não pode ser fitada nem evitada.
Encontre os mestres ancestrais, familiarize-se com suas instruções,
Junte relva para construir uma cabana, e não desista.
Deixe ir centenas de anos e relaxe completamente.
Abra suas mãos e caminhe, inocente.
Milhares de palavras, miríades de interpretações.
São apenas para libertar você das obstruções.
Se você desejar conhecer a pessoa imortal da cabana,
Não se separe desse saco de pele aqui e agora.

Tradução: Koun

sexta-feira, novembro 14, 2008

Iluminação SIlenciosa

Marco do caminho da iluminação silenciosa
Hongzhi Zhengjue (1091–1157)

[A partir da tradução inglesa de Taigen Leighton e Yi Wu]


Silente e sereno, esquecendo as palavras, luminosa claridade surge em sua presença.

Quando você a reflete, torna-se vasto, quando você a incorpora, eleva-se espiritualmente.

Espiritualmente solitária e brilhante, a iluminação interior restabelece o milagre,

Orvalho ao luar, um rio de estrelas, pinheiros cobertos de neve, nuvens envolvendo os cumes.

No escuro é mais brilhante; escondida, tanto mais se manifesta.

A garça sonha na névoa chuvosa. As águas do outono fluem longe, à distância.

Kalpas sem fim são totalmente vazios, todas as coisas são completamente as mesmas.

Quando o milagre existe na serenidade, toda realização é esquecida na iluminação.

O que é esse milagre? A visão alerta através da confusão

É o caminho da iluminação silenciosa e a origem de uma sutil radiância.

A visão penetrando na sutil radiâncioa é tecer ouro num tear de jade.

O ereto e o inclinado rendem-se um ao outro; luz e escuridão são interdependentes.

Não dependendo dos sentidos e do objeto, no tempo correto eles interagem.

Tome o remédio das boas visões. Bata o tambor untado de veneno.

Quando eles interagem, matar ou dar a vida são decisões suas.

Através do portão se emerge e os galhos sustentam frutos.

Apenas o silêncio é a fala suprema, apenas a iluminação é a resposta universal.

Reagindo sem cair em realizações, falando sem envolver ouvintes.

As dez mil formas majestosamente cintilam e expõem o Dharma.

Todos objetos o atestam, todos em diálogo.

Dialogando e atestando, eles reagem apropriadamente uns aos outros.

Mas se a iluminação negligencia a serenidade, então a agressividade surge.

Atestando e dialogando, eles reagem uns aos outros apropriadamente;

Mas se a serenidade negligencia a iluminação, as trevas conduzirão ao dharma perdido.

Quando a iluminação silenciosa é realizada, o lótus floresce, o sonhador desperta,

Centenas de rios fluem para o oceano, mil cadeias de montanhas fitam o pico mais alto.

Como gansos preferem leite, como abelhas juntam néctar,

quando a iluminação silenciosa alcança seu ponto definitivo, eu ofereço meu ensinamento.

O ensinamento da iluminação silenciosa penetra das alturas até os alicerces.

O corpo sendo shunyata, os braços em mudra,

Do início ao fim as cambiantes aparências e as dez mil diferenças compartilham um padrão.

O Senhor Ho ofereceu jade [ao Imperador; Ministro] Xiangru apontou para suas imperfeições.

Encarar as mudanças tem seus princípios, a grande função é sem esforço.

O governante permanece no reino, o general vai além das fronteiras.

O ensinamento de nossa escola atinge direta e verdadeiramente o ponto.

Transmita isso a todas as direções, sem desejar ganhar algum crédito.

Zen no Chile (novo blog)


“Para aquel que en el silencio olvida las palabras, la realidad se manifiesta claramente. El que alcanza el despertar silencioso forma parte de nuestra tradición. El despertar silencioso sube hasta la mas elevada cima y desciende hasta lo más profundo”

Leia mais no blog editado pelo monge chileno Meiyo, "Mas que Palabras"

terça-feira, novembro 11, 2008

Texto de Ryohan Shingu

Entre os meus documentos, o texto em seguida foi achado.

A visão japonesa do Homem

*Apanhado da saudação proferida pelo Superior Ryohan Shingu durante o Culto Ecumênico comemorativo da formatura da turma de 1968 da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP.

A visão japonesa do homem se baseia no pensamento budista. Apresentamos aqui um de seus aspectos.

No Budismo, é costume dividir os tipos humanos em dez categorias, segundo se adiantamento e conteúdos de seu espírito. São elas expressas em linguagem simbólica, como se constituíssem dez planos diferentes de existência.

1) Infernal – a mais baixa das categorias, englobando os que se submergem totalmente em atos contrários à natureza humana, alcançando por conseqüência sofrimentos sem conta.

2) Animal – categoria onde falta todo e qualquer refreamento, etiqueta ou regra de conduta, bem como a consciência. Os indivíduos agem inteiramente levados por seus instintos, sem levar em conta circunstâncias, hora e lugar.

3) Demônios famintos – outra categoria inconsciente, em que os seres se deixam levar por seus desejos, sem conseguir satisfaze-los nunca, agindo como famintos ou sedentos desesperados.

4) Titãs – seres que às vezes conseguem praticar o bem, mas vivem em conflito ideológico e constantemente lutam, de maneira inconsciente.

5) Celeste – plano dos que, embora inconscientemente, agiram conforme a ética e por conseguinte experimentam sensação agradável de viver num paraíso pleno de delícias. Porém, como não há consciência, terminada a energia gerada por suas boas ações, precipitam-se no plano infernal.

6) Humana – categoria onde alegrias e sofrimentos coexistem em partes iguais, e pela primeira vez desperta a consciência. Busca-se o conhecimento da essência da felicidade e das causas do sofrimento; escolhe-se conscientemente o caminho a seguir, consciente e racionalmente. A escolha correta permite dar o primeiro passo na trilha da perfeição humana.

7) Discípulos que ouvem a Lei – aqui, como primeiro passo para a perfeição, o homem aprende as Quatro Nobres Verdades, que esclarecem a natureza do mundo e os métodos que levam à perfeição, segundo o Budismo.

8) Os que discernem sozinhos a Lei – Aqui o homem compreende e pratica a Lei da Originação Condicionada, objeto das contemplações de Buda. Transcende o domínio dos instintos vulgares e age conforme a Lei, sempre de uma maneira racional, sem se deixar possuir pelas paixões e emoções; consegue transcender a vida e a morte, alcançando uma perfeita tranqüilidade de espírito.

9) Bodhisattva – Desenvolve-se espontaneamente a partir do anterior. O indivíduo já está apto a atingir a décima categoria.

10) Búdica – mas faz um voto de não atingi-la enquanto não conseguir instruir todos os seres viventes. Passeia livremente pelas categorias anteriores, empenhando-se na salvação alheia e na plena realização dos ideais búdicos. Incessantemente pratica e prega as Seis Virtudes do Bodhisattva ( Seis Paramitas): Caridade, Moralidade, Paciência, Perseverança, Concentração e Sabedoria. É um praticante do Caminho de Buda e uma encarnação da Misericórdia.

No Japão considera-se que todo o Homem deve viver como um Bodhisattva, para atingir a perfeição. O ideal do Bodhisattva é lembrado nas festas dos equinócios, celebradas no início da primavera e do outono. O dia de equinócio, em que o sol transpõe a linha do Equador, nem quente nem frio, dia e noite de igual duração, ameno e agradável, é destinado a honrar a memória dos antepassados virtuosos, ao passo que os três dias anteriores e os três posteriores são consagrados aos Seis Paramitas. São duas semanas anuais dedicadas à auto-reflexão, ao auto-aprimoramento e ao aprendizado das virtudes beneficiadoras da humanidade. Visam fazer de todo o homem um Bodhisattva, um ser que marcha para a perfeição. São celebradas há 1.500 anos.

Criticam-se os japoneses como exageradamente obsequiosos; isso é fruto das diretrizes de educação no Japão moderno, que esvaziaram o ideal de Bodhisattva de seu espírito, conservando só a forma.

A verdadeira concepção japonesa do Homem é a conscientização e prática do ideal do Bodhisattva, que possibilita o progresso e a coexistência pacífica da humanidade.

Que possam os formandos, em suas profissões e esferas de ação praticar o ideal do Bodhisattva, vivendo assim para o desenvolvimento da nação e o progresso do gênero humano.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Zazen no hospital

Um dos epítetos de Buda Shakyamuni é "Rei da Medicina".
Quando recitamos os três tesouros, declaramos: tomamos refúgio no Dharma porque é um bom remédio.
Essas alusões à medicina e a remédios não dizem respeito aos males do corpo, mas às aflições e tormentos da mente. Buda e Dharma são o médico e o remédio que nos curam dos venenos mentais, nos trazem grande alívio, alegria e bem-estar para que possamos aproveitar cada momento da vida com tudo aquilo que ele tem a nos oferecer e tudo aquilo que temos a oferecer ao mundo.

Através do zazen, podemos despertar qualidades naturais de alegria, compaixão, liberdade, harmonia e respeito para com todos os seres, favorecendo, assim, o desenvolvimento de uma comunidade pacífica e feliz.

Nesse sentido, iniciam-se a partir de 10 de novembro práticas de zazen no Hospital do Servidor Público Municipal, sob responsabilidade dos monges Jisho e Koun e do praticante Shokan. A prática é aberta ao público em geral (e não apenas a funcionários, pacientes e visitantes).

O Hospital conta com uma sala de meditação, com vários zafus e zabutons, num recinto agradável e apropriado para o zazen.

Todos estão convidados a participar e a divulgar essa iniciativa.

Local:
Hospital do Servidor Público Municipal
9º andar – Sala de Meditação.
Rua Castro Alves, 60 – Aclimação
Metrô Vergueiro


Horários:

Segundas e terças-feiras
7:00, 7:45, 8:30, 9:15.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Novo prédio

Segue a todo vapor a construção do novo prédio do templo Busshinji (São Paulo). Nele haverá estacionamento coberto, salão de eventos, zendô e jardim suspenso. A previsão de término das obras é fevereiro de 2009. Apesar disso ainda falta verba para a total acabamento, como móveis, louças e decoração.



"Com este centro a escola zen budista mais importante do Japão começa um importante movimento, tornar possível formar monges e professores do Dharma, com o método tradicional da escola, sem que seja necessário morar no Japão e aprender sua língua (aprender a ler e escrever é uma tarefa de anos).

"Novos centros como este existirão na França (La Gendroniére) e nos EUA, isto marca a internacionalização formal da escola zen depois de meio século de presença no ocidente. Esperamos inaugurar o centro de SP no segundo semestre de 2009." texto complementar contribuição do blog O Pico da Montanha

Você pode fazer uma doação para a construção do novo prédio do Templo Busshinji, ligue para 11 3208-4515 ou 3208-4345 e fale com Satico Suzuki ou Mitsuyo Kamimura.

terça-feira, novembro 04, 2008

Treinamento monástico

"Nas condições ideais, ao receber a ordenação, o monge-noviço entra na fase do treinamento de “calar a boca e limpar o chão”, um período onde é permitido muito pouco contato com o público em geral (quanto menos “aparecer”, melhor) e todo o seu esforço é canalizado em sentar em zazen, praticar o samu (trabalho ou atividade diária) e observar, escutar, perceber – aprender com o corpo e o coração."

Leia mais no site da Monja Isshin.

Ouça também no final do texto a orientação dada por Saikawa Roshi ao monge Meiyô Vargas, durante sua recente (re)ordenação.

Monges em treinamento, templo Eiheiji, Fukui, Japão. Foto: Hiroji Kubota - Magnum Photos

domingo, novembro 02, 2008

Zazen no cemitério

sentado no cemitério
sem dividir vida e morte
a cerejeira dá sombra
o cipreste aponta o céu
por um só caminho
passam vivos e mortos
este monge permanece firme em seu propósito
praticando o não-saber
os visitantes comentam: este viveu muito, aquele pouco
o mestre sussurra no ouvido do aluno:
muito ou pouco, nem o céu pode medir
famílias trazem flores, baldes e vassouras
é dia de faxina nas sepulturas
os que podem pagam para alguém limpar o mármore
os que não podem esfregam eles mesmos o cimento, suando sob o sol
quando estamos sonhando, não há nada fora do sonho
quando se desperta, não há nada que já não estivesse desperto
não se guarda um pedaço de sonho, nem se retém o momento do despertar
de um lado do muro a criança corre, a mãe ralha, o pai se cala, a avó descansa
de outro lado, pedintes e inválidos sob a sombra do muro
os fantasmas transitam de um lado para o outro
um gato entra e sai sem passar pelo portão
ainda criança este monge sonhava
entender vida-e-morte
não há ninguém para entender
sobre uma lápide o gato lambe a pata