terça-feira, junho 30, 2009

Shinji Shobogenzo
Mestre Dogen
Livro 1 - Caso 1



Certo dia Mestre Sekito Kisen visitou o Mestre Seigen Gyoshi do templo de Jogo, no Monte Seigen no distrito de Ki.

Mestre Seigen perguntou a ele: De onde você veio?

Mestre Sekito respondeu: Vim do Monte Sokei.

Mestre Seigen levantando seu hossu perguntou: Existe alguma coisa parecida com isto no Monte Sokei?

Mestre Sekito respondeu: Não, nem no Monte Sokei, nem mesmo na Índia.

Mestre Seigen disse: Você nunca esteve na Índia, esteve?

Mestre Sekito respondeu: Se tivesse ido à Índia poderia ter encontrado um hossu como o seu.

Mestre Seigen disse: Você nunca esteve na Índia, portanto deveria dizer algo de acordo com sua experiência.

Mestre Sekito disse: O Mestre poderia expressar uma ou duas palavras concretas ao invés de deixar tudo para mim, Kisen.

Mestre Seigen Respondeu: Não me recuso a dizer algo para você, mas se o fizer você não seria capaz de atingir a meta por si mesmo.


Comentário

Mestre Seigen Gyoshi foi um discípulo do Mestre Daikan Eno, o Sexto Patriarca na China, e Sekito Kisen iria se tornar seu discípulo. Mestre Sekito tinha vindo do Monte Sokei, onde Mestre Daikan tinha vivido. Mestre Seigen Gyoshi se orgulhava muito de suas palestras sobre budismo, e usando seu hossu, perguntou ao Mestre Sekito se as palestras no Monte Sokei explicavam o budismo tão bem como ele fazia. O hossu, uma pequena escova ornada com de crinas de cavalo, carregado pelos mestres budistas é um símbolo da verdade budista.

Em sua resposta Mestre Sekito usou o hossu como um símbolo concreto dos ensinamentos do Mestre Seigen. Ele disse que não havia outro ensinamento como o do Mestre Seigen em nenhum lugar, nem mesmo no lugar do qual ele veio, a Índia.
Mestre Seigen ressaltou que Mestre Sekito não poderia saber sobre a Índia, uma vez que não esteve lá, mas Mestre Sekito respondeu que poderia ser possível achar os mesmos ensinamentos do Mestre Seigen na Índia, a terra de Gautama Buda.

Porem Mestre Seigen pensou que ele poderia ser mais realístico naquilo que estava dizendo. Disse que poderiam apenas falar de nossa própria experiência.
Mestre Sekito sentiu-se um pouco perdido em como responder de maneira que satisfizesse Mestre Seigen e pediu para o mestre ajudá-lo.

Finalmente, Mestre Seigen Gyoshi disse que seria fácil para ele dizer algo, mas agindo dessa forma privaria Mestre Sekito de ter a chance de expressar sua própria verdade.

A estrutura dessa estória contém quatro diferentes pontos de vista. Primeiro o ponto de vista idealístico ou intelectual, representado pela questão do Mestre Seigen sobre discursos budistas e simbolizado pelo hossu. O segundo ponto de vista é Mestre Sekito olhar para as coisas materialisticamente. O hossu – o hossu físico real que Mestre Seigen levantou – existe apenas naquele exato lugar, não na Índia ou no Monte Sokei. Mestre Seigen não ficou satisfeito e quis ouvir algo de um ponto de vista mais realístico. Ele sabia que Mestre Sekito não estivera na Índia e pediu para ele falar de sua experiência e não de suposições. Do ponto de vista supremo, Mestre Seigen sabia que Mestre Sekito deveria aprender a como expressar sua própria verdade. Ninguém poderia fazer isso por ele.

Apresentado por Kakuho.

segunda-feira, junho 15, 2009

Arraial Zen - A festa

Imagens do 1º Arraial Zen: material de divulgação, preparação do material de decoração, arrumação do salão e a festa. Sábado que vem, dia 20/06 tem mais! Compareçam e tragam seus
seus amigos e familiares!!!












quinta-feira, junho 04, 2009

Cultivando o campo vazio

Cultivando o campo vazio
(Hongzhi Zhengjue)

[Traduzido de Taigen Dan Leighton e Yi Wu]

[Hongzhi Zhengjue (1091–1157) foi um importante mestre chinês que ensinou no mosteiro do Monte Tiantong, onde anos mais tarde Dogen Zenji encontraria seu mestre. Hongzhi é responsável pela formalização em texto da prática da “Iluminação Silenciosa”, que Dogen posteriormente denominaria Shikantaza.]


A prática da Verdadeira Realidade

A prática da verdadeira realidade é simplesmente sentar serenamente em silenciosa introspecção. Quando você penetra isso, não pode mais ser desviado por causas externas e condições. Essa mente vazia e amplamente aberta é sutil e corretamente iluminadora. Vasta e satisfeita, sem a confusão interna dos pensamentos ávidos, efetivamente supere o comportamento habitual e compreenda o ser que não é possuído pelas emoções. Você deve ter a mente ampla, em tudo não se apoiando nos outros. Esse espírito aprumado e independente inicia-se não se perseguindo situações degradantes. Aqui você pode descansar e tornar-se limpo, puro e lúcido. Brilhante e penetrante, você pode imediatamente retornar, harmonizar-se e reagir, lidando com os acontecimentos. Tudo é desimpedido, as nuvens graciosamente flutuam sobre os picos, o luar resplandecentemente escorre pelos riachos das montanhas. O lugar todo é brilhantemente iluminado e espiritualmente transformado, totalmente desobstruído e claramente manifestando uma interação responsiva, como a caixa e sua tampa ou flechas [se encontrando]. Prosseguindo, cultive e nutra a si mesmo para incorporar a maturidade e alcançar estabilidade. Se você se harmonizar com todo os lugares com perfeita claridade e cortar fora arestas, sem depender de doutrinas, como o touro branco ou o gato selvagem, [favorecendo que o milagre surja], você poderá ser chamado de uma pessoa completa. Portanto, ouvimos que é assim que alguém do caminho da não-mente age, mas antes de concebermos a não-mente nós ainda temos que superar grandes adversidades.

Cumprindo a tarefa de Buda

[O campo vazio] não pode ser cultivado ou comprovado. Desde a origem é totalmente completo, imaculado e límpido até seu fundo. Onde tudo é correto e totalmente suficiente, conquiste o puro olho que ilumina plenamente, completando a libertação. A iluminação envolve decretar isso; a estabilidade se desenvolve com a prática disso. Nascimento e morte originalmente não têm raiz ou caule; aparecer ou desaparecer originalmente não têm sinais ou traços distintivos. A luz primordial, vazia e vigorosa, ilumina o topo da cabeça. A sabedoria primordial, silenciosa mas também gloriosa, reage às condições. Quando você alcança a verdade sem meio ou bordas, cortando fora o antes e o depois, então você compreende a totalidade da unidade. Em todo lugar as faculdades dos sentidos e os objetos apenas acontecem. Aquele que segura firme sua grande e larga língua transmite a inesgotável lâmpada, faz radiar a grande luz e executa o grande trabalho de buda, desde o início não tomando emprestado dos outros um átomo que esteja fora do dharma. Claramente essa questão ocorre no interior de sua própria casa.

Com confiança total, vagueie e brinque em Samadhi

Vazio e sem desejos, frio e fino, simples e genuíno, assim é que se derrubam e desmoronam os hábitos restantes de muitas vidas. Quando a mancha dos velhos hábitos se extingue, a luz original aparece, flamejante através de seu crânio, não admitindo outros assuntos. Vasto e espaçoso, como o céu e a água se misturando no outono, como a neve e a lua exibindo a mesma cor, esse campo é sem limites, além de direções, uma entidade de forma magnífica sem margens ou suturas. Além disso, quando você se volta para dentro e abandona tudo completamente, a realização acontece. Exatamente no momento do total abandono, deliberações e discussões ficam mil ou dez mil milhas distantes. Além disso, nenhum princípio é discernível, então o que pode haver para ser apontado ou explicado? Pessoas cujo fundo do vaso se desprendeu imediatamente encontram a total confiança. Assim, é dito para nós simplesmente concretizarmos a reação mútua e explorarmos a reação mútua, então retornarmos e entrarmos no mundo. Vagueie a brinque em samadhi. Todo detalhe claramente aparece diante de você. Som e forma, eco e sombra acontecem instantaneamente sem deixar traços. O mundo de fora e o eu-mesmo não dominam um ao outro, apenas porque nenhuma percepção de objetos surge entre nós. Apenas esse não-perceber comporta o espaço vazio das majestosas dez mil formas do domínio do dharma. Pessoas com a face original devem decretar e completamente investigar esse campo, sem negligenciar um só fragmento.

O passo atrás e o caldeirão aprumado

Com as profundezas claras, totalmente silenciosas, completamente ilumine a fonte, vazia e energizada, vasta e brilhante. Mesmo que você tenha lucidamente escrutinizado sua imagem e nenhuma sombra ou eco encontre, ao procurar você vê que ainda distinguiu entre os méritos de centenas de promessas. Então você deve dar um passo atrás e alcançar o meio do círculo de onde a luz é emitida. De maneira extraordinária e independente, você ainda precisa abandonar a busca por méritos. Cuidadosamente perceba que o nomear engendra seres e que eles ascendem e caem com complexidade. Quando você puder compartilhar a si mesmo, então poderá lidar com as questões e terá o puro selo que estampa as dez mil formas. Viajando pelo mundo, encontrando condições, o ser alegremente entra em samadhi em todas as delusões e aceita sua função, que é esvaziar a identidade e não preencher a si mesmo. O vale vazio recebe as nuvens. A correnteza fria limpa a lua. Sem partir, sem permanecer, muito além de todas as mudanças, você pode oferecer ensinamentos sem nada obter ou esperar. Tudo em toda parte retorna ao velho chão. Nem um fio de cabelo foi movido, inclinado ou erguido. Apesar das centenas de feiúras ou milhares de estupidezas, o caldeirão aprumado é naturalmente benéfico. As respostas de Zhaouzhou “lave sua tigela” e “tome seu chá” não exigem preparativos; desde o início elas sempre foram perfeitamente aparentes. Plenamente observar cada coisa com todo o olho é a conduta espontânea de um monge que enverga o manto de tiras.

A conduta da lua e das nuvens

A conduta de pessoas do caminho é como as nuvens que fluem, sem uma mente que agarra, como a lua cheia refletindo universalmente, sem estar confinada em qualquer lugar, resplandecendo em cada uma das dez mil formas. Digno e aprumado, emerja e faça contato com a variedade de fenômenos, imaculado e sem confusão. Funcione da mesma forma para com todos os outros uma vez que todos têm a mesma substância que você. A linguagem não pode transmitir essa conduta, especulações não a alcançam. Lançando-se além do infinito e cortando fora o que depende, seja prestativo sem visar a méritos. Essa proeza não pode ser mensurada pela consciência ou pela emoção. Na jornada aceite sua função, em sua casa, por favor a execute. Compreendendo nascimento e morte, abandonando causas e condições, genuinamente conceba que desde o princípio seu espírito não pode ser detido. Assim, é dito que a mente que abarca as dez direções não se detém em nenhum lugar.

Os incríveis seres vivos

Nossa casa é um simples campo, limpo, vasto, luzidio, claramente auto-iluminado. Quando o espírito está livre de condições, quando a atenção é serena e sem cogitações, então budas e ancestrais aparecem e desaparecem, transformando o mundo. Entre os seres viventes é que se localiza o lugar original do nirvana. Quão surpreendente é que todos tenham isso mas não consigam poli-lo até torná-lo claramente brilhante. Na escuridão do não-despertar, eles fazem com que a tolice cubra sua sabedoria e a supere. Um vislumbre de iluminação pode romper isso e fazê-lo saltar fora da poeira de kalpas. Radiante e claramente branco, o campo único não pode ser desviado ou alterado nos três tempos; os quatro elementos não podem modificá-lo. A glória solitária é profundamente preservada, resistindo através do tempo antigo e do tempo presente, assim como a mescla da identidade e da diferença torna-se a mãe de toda a criação. Esse domínio manifesta a energia dos muitos milhares de seres, todas as aparências são meramente sombras desse campo. Verdadeiramente declare essa realidade.

quarta-feira, junho 03, 2009

terça-feira, junho 02, 2009

Festa Junina Busshinji



Estamos organizando duas festas juninas para arrecadar fundos para a construção do prédio anexo ao Templo Busshinji.

As festas acontecerão nos dias 13 e 20 de junho a partir das 19h no templo Busshinji. Teremos canjica, paçoca, arroz-de-carreteiro, pipoca, milho-verde, entre outro quitutes da roça, jogos e brincandeiras e o nosso exclusivo Quentão de Saquê.

Caso queira reservar ingressos, por favor entre em contato comigo pelo e-mail brunoviana@uol.com.br

segunda-feira, junho 01, 2009

O que é justo

Depois de muitos anos de esforço, de prática e dedicação, ela foi contemplada, não com dinheiro, ou poder - pelo seu esforço e dedicação - mas apenas com uma doce desilusão e o sabor da verdade na ponta da língua - iluminando os olhos. Ela não ganhou a megassena, nem foi finalmente recompensada com a riqueza material pelo trabalho, que por tanto tempo julgare-se merecedora de, um dia receber. Agora, ela apenas foi sacudida e depois levada por uma alegria sem condições, portanto sem causas, e então o seu apartamento amplo, seu carro do ano e sua roupa boa simplesmente deixaram de ser seus. Mas na verdade, nada, mas nada mesmo ainda havia sido ganho, mesmo o sabor da verdade e o brilho no olhar ainda haviam de ser colhidos dia após dia...