quarta-feira, maio 30, 2007

Bolo de abacaxi

Ingrediente:
3 ovos,
1 xícara (chá) de açúcar,
1/4 de xícara (chá) de água,
2 xícaras (chá) de farinha de trigo,
1 colher (chá) de fermento em pó,
fatias de abacaxi,
200g de açúcar mascavo.

Modo de preparo:
Bata bem os ovos na batadeira, junte o açúcar, água, os ingrediente secos misturados. Misture bem. Unte uma assadeira e forre com o açúcar mascavo, salpique pedacinhos de margarina. Ponha fatias de abacaxi sobre o açúcar mascavo e depois coloque a massa. Asse no forno pré-aquecido durante 50 minutos. Desenforme.

segunda-feira, maio 28, 2007

Sou um ser errante

De fato, as vestimentas ricas e coloridas, a aproximação com os poderosos e influentes nada podem acrescentar à minha prática. Ninguém é obrigado a acatar esta postura. Mas uma vez que adotei o budismo como luz de proa a fim de navegar o mar tenebroso de minha existência, a atitude mais exemplar tomada pelo Louvável foi justamente a renúncia. Sem renúncia, não se pratica o Dharma. Se muitas vezes as minhas palavras são fortes em relação à prática e aos praticantes, estas também são dirigidas a mim. Quando digo aos praticantes dedicarem-se mais tempo ao zazen, esta advertência serve igualmente a mim. No campo da experiência, o budismo é uma construção constante através da mente alerta. Claro, cometemos erros pois sem os erros não haveria a experiência.
Recentemente ganhei uma bicicleta de um praticante. Não ando de bicicleta a muito tempo, por isso necessitarei me exercitar nela. A prática do Dharma é como andar de bicicleta: se a atenção se for, consequentemente, haverá a queda. Mas terei que continuar a andar, correndo o perigo de cair novamente. Certa vez ouvi de um professor: "praticar o budismo é como andar de bicicleta". Muitas vezes nos cansamos e temos que descansar, mas depois retornamos ao exercício. No meu caso, não tenho mais como abandonar a bicicleta chamado Dharma.
Quando o praticante depara-se com a seriedade da prática, deve insistir em disciplinar-se e treinar sobretudo a mente. Treinar a mente durante o zazen e no cotidiano. Uma coisa não está desassociada da outra. E com a mente alerta, o corpo também deve estar de acordo. Uma coisa é a mente entender, outra o corpo acompanhar. Por isso, a prática do Dharma deve estar além da compreensão intelectual ou cognitivo. Assim, ao praticarmos às vezes cometemos erros por falta de atenção ou do corpo ainda inebriado pelo não entendimento. Quando explicamos algo a um praticante, ele responde "Tá!". Mas em seguida esquece-se. E se não esqueceu, não consegue realizar de maneira satisfatória a tarefa requisitada. Aquele "Tá" é tão ambíguo quanto "Não entendi nada". Seria mais honesto dizer "não entendi ainda". Ao cometer o erro, pelos motivos apontados, ele poderia pensar simplesmente: "todos cometem erros, por quê não eu". Ou ainda, errar é humano. Com esta saída irresponsável, não valoriza-se muito o erro cometido e continua errando como nada tivesse acontecido. Lastimável. Do ponto de vista do budismo, poderíamos dizer "acertar é humano". Haja visto que o treinamento consiste em tornar mais humano aquele que se encontra entorpecido pelo próprio egoísmo, com a mente condicionada, com o orgulho aflorado.
Quando me encontrava no mosteiro, no Japão, esta situação era constante. Os noviços eram convocados para tocar os sinos, os tambores, os sinais. Como novatos, acabavam cometendo erros. Acontecendo isso, provocava desarmonia no ambiente, pois algo foi cometido que alterava a ordem natural do Dharma. No caso, uma batida a mais no tambor ou alguma falha no toque do martelo no sino. Era quando o noviço fazia "sanja". Oferecia-se um inceso a Buda e a plenos pulmões dizia a todos: "Sanja Yoroshu". Quer dizer, "neste momento admito ter cometido uma desarmonia". Não se pode confundir com um pedido de desculpas, pois o equívoco já teria sido cometido de maneira não premeditada. Não é isso. Fazer sanja é um ato de humildade e respeito com a prática. É o respeito que mantemos com os nossos amigos de treinamento. É respeito com Buda e Patriarcas.

domingo, maio 20, 2007

Guarda-costas


Foto tirada nas comemorações do 1º de maio - av. São João, São Paulo.

Mosaico vazio

"Memória e imaginação criam a ilusão do Eu"
David Hume - Filósofo inglês do séc. XVII

Esse cara entendeu a lei do Carma.

Tetsuya Zazen

up Praticantes da Sangha Zen Budista de Florianópolis realizaram o Tetsuya Zazen, prática de zazen sem interrupção.O início da prática ocorreu no sábado (dia 19) a partir das 22 horas, estendendo-se até as seis horas do dia seguinte (dia 20,domingo).
Na foto, Buda e Sodõ meditam.

sexta-feira, maio 18, 2007

O hábito na prática

O principal propósito do budismo é formar o hábito de praticar com constância, como um voto. Trata-se simplesmente de fazer uma viagem diária pelo universo, passo a passo. É como caminhar na neblina. Não sabemos o que é a neblina, não sabemos por onde estamos caminhando ou por quê; temos apenas de caminhar. Essa é a prática de Buda.

KATAGIRI, Dainin. Retornando ao silêncio, São Paulo, Pensamento

quinta-feira, maio 17, 2007

A Árvore Sem Raiz

...
O segundo patriarca da linhagem Rinzai japonesa, Daito Kokushi,
diz que estudar koan é estudar a si mesmo, não apenas estudar,
mas penetrar, e realmente ver.
Perceber o que é o self.
Não apenas compreender, realizar.
...
"O que é uma árvore sem raiz?"
diz Dogen Zenji.
"O Ciprestre no Jardim,
isso é que é."
...
Tradicionalmente, o ponto importante na nossa prática
é ver essa ausência de raiz,
ver essa ausência
essa existência da ausência.
Isso é que chamamos de vazio,
sunyata.
Isso é o que Dogen Zenji diz
no começo do Shobogenzo, Genjokoan,
compreensão do koan.
"Todos os darmas são sem self."
É desse modo que existem.
Em outras palavras, todos os darmas nada são além de
Sem Raiz.
Todos os darmas não possuem self.
A inexistência do self é a chave para se compreender essa
Árvore sem Raiz.
...

Taizan Maezumi Roshi - Ensinamentos da Grande Montanha.

segunda-feira, maio 07, 2007

Sorriso Singelo

Seguem algumas fotos do lançamento do livro "O Mundo de Shingya Nobuyuki - Sorriso Singelo", do qual Jisho Sensei foi tradutor. Na ocasião também foi inaugurada uma exposição de desenhos e esculturas do Artista que dá nome ao livro.




Os monges Dosho e Jisho à entrada da Fundação Japão.



O monge Zenshin, que acaba de viajar para o Japão para treinar num mosteiro.


Shokan, ao fundo.



Jisho.


Joshin, ao fundo.


Renshin e Jikan.


Seigen.



A cerimônica do chá.

domingo, maio 06, 2007

Na Lagoinha do Leste


"Que há por trás da natureza? Talvez nada, talvez tudo. Tudo, compreende..."
Paul Césanne.

quinta-feira, maio 03, 2007

Espalhando o Dharma

Antonio Vieira, no Sermão da Sexagésima, demonstra qua as palavras pouco podem quando comparadas ao exemplo concreto. Tratando da atividade do pregador, Vieira faz distinção entre o semeador (um nome) e o que semeia (uma ação). O semeador espalha a palavra de Deus por meio das palavras, o que semeia, por meio da vida e do exemplo.
Afirma ele que este último é o verdadeiro pregador, o que é capaz de fazer a lux divina penetrar os corações e transformá-los.

Essa é uma constatação que podemos associar à nossa prática do Zen. À medida que vamos avançando no treinamento, percebemos que com palavras pouco ou nada aprenderemos sobre Sabedoria e Compaixão. No entanto, não é fácil nos livrarmos do apego e da dependência a elas.

Como Jisho san bem lembrou, Mestre Dogen ensinava que não há diferença entre monges e leigos. Podemos perceber a natureza vazia de ambos e qualquer distinção neste sentido é fruto de nossas expectativas e ilusões do que seja um monje e do que seja um leigo.

Monges e leigos recitam igualmente os 4 votos do Boddhisatva, diariamente, após o zazen da noite. Reafirmar esses votos significa assumir o compromisso de espalhar o Dharma. Seja deixando que ele se manifeste, por meio do combate aos venenos da mente, seja permitindo que ele se espalhe pelos seres da mente, seja propagando-o a todas as formas.

Monges e leigos assim o fazem. Não com palavras, mas com ações. Não com um código moral que determina que isso é certo, aquilo é errado. Ou que se deve ser bonzinho e fazer o bem. Ou que se deve perdoar o mal. Todas essas concepções são fruto de uma mente iludida pelos três venenos.

Monges e leigos cultivam um coração-mente sem limites. Ambos abrem mão de toda forma para que o Dharma se manifeste. Com isso, podem agir naturalmente, espontaneamente, conduzindo gentilmente suas ações no sentido de despertar todos os seres. Isso pode ser realizado por por aquele que profere palavras amáveis, realiza gestos bondosos, manuseia o Kyossaku ou simplesmente se mantém em silêncio, permitindo que os ânimos se acalmem.

Essa atitude deve ser cultivada seja sentado, andando ou deitado. Algumas pessoas a realizam melhor como leigos, outras, como monges.

Ambos são apenas formas. O som de prajna são os 4 votos do Boddhisatva ecoando num templo vazio.

Quero ser monge...eu também

Vale muito mais ser um bom leigo do que um mal monge. Conforme Shunryu Suzuki (Mente Zen, Mente de Principiante) o treino de um monge não diferencia o de um leigo. Em outras palavras, o leigo deve praticar com igual intensidade que um monge. De fato, conheço leigos excelentes. Quando se fala em leigos, da forma entendida pela Soto Zen do Japão, trata-se de um Zaike, ou seja "aquele que treina e permanece em casa". Assim, o leigo cuida do templo e dos demais praticantes, consultando o monge quando isso for necessário. Não quer dizer que o leigo fique dispensado da prática como fazer zazen, participar das cerimônias, treinar os instrumentos, cozinhar durante o sesshin, manter a mente alerta, destruir o próprio ego, enfim tudo aquilo que é necessário de um praticante. No caso do zen, não fazemos aqui diferença de um monge e de um leigo.
Certa vez uma pessoa que tinha experimentando em uma outra tradição, me disse que somente os monges desenvolviam tarefas específicas, ficando os leigos em atitude de total obediência e passividade. Isso não deve acontecer, no zen. Nem mesmo o zen deve ser considerado melhor que outras tradições. Não é o caso. Apenas praticamos o Caminho, juntos com todos os seres vivos, inclusive as paredes, os telhados, os muros, as pedras, montanhas e rios.
Alguns destes leigos, por algum motivo, resolvem ser monges. Não sabemos se todos estão preparados para isso. A grande maioria, não. Trata-se apenas de mais uma ilusão. Em todo caso, talvez sirva de inspiração alguns pontos relevantes.
1. Como ensinou o jovem Sidharta, o futuro Buda, o primeiro passo é o da renúncia. Ser monge é saber, de antemão, que deve praticar o desapego incondicional de tudo: material e espiritual. Em japonês, a palavra para monge é Shukke, ou seja aquele que abandona o lar. De alguma forma, terá que abdicar-se um pouco dos laços familiares, apesar de hoje em dia os monges poderem constituir uma família. Neste caso, depende também do entendimento da esposa.
2. Aprender a perder. Quando estava no Mosteiro Shogoji, Japão, um rapaz da Universidade Provincial de Kyoto treinou conosco durante dez dias. Ele disse que procurava um sentido em sua vida. Após, vencido este período, ele confidenciou conosco: "Ganhei algo muito bom nestes dias de mosteiro, mas não sei o que realmente seja". O monge que ouviu a conversa ensinou-lhe "você não ganhou nada, você perdeu". Naquele momente, pensei estamos praticando o budismo para perder e isso me alegrou imensamente. Como dizia meu mestre, Miyoshi Roshi, nesta vida "não ganhamos nada, não perdemos nada; se não ganhamos, o que temos que perder".
3. Ser monge exige dedicação nesta atividade. Não se pode ser monge de sábado apenas: vestir-se como monge, agir como monge, sentar-se como monge. Mas uma vez que se sai do templo, retorna-se à vida ordinária e ao pensamento e atitudes ordinárias. Isso é um engano. No meu pensamento, o monge deve ser aquilo 24 horas por dia/noite. Não existe meio monge, 1/4 de monge ou ainda monge apenas de final de semana. Uma vez que se coloca o manto de Buda, o Kessá, este impregna-se ao corpo. Por isso, conforme o trabalho que o monge execute fora do templo, ele deverá usar a roupa negra de monge, que pode ser o samuê. Se existir um monge que no templo usa a roupagem de Buda, mas fora dele calça jeans, camisa de marca, não o considere.
4. Todo monge ou monja deve ter os cabelos raspados. Se isso não acontecer, equivale-se a um leigo. Não pode ser considerado monge alguém que ainda possui apego ou vaidade com a própria aparência. Ainda que seja dífícil para uma mulher raspar os cabelos, uma monja com cabelo é intolerável. Ou se quer ser monja ou leiga? No momento de uma ordenação de monja, o mestre pergunta se ela quer ser monja ou não. Sim, responde ela. Sim, significa que ela pode ter os cabelos raspados. Neste momento, diante de Buda, o mestre munido de uma navalha raspa-lhe a couro cabeludo. Assim deve continuar ela, como fosse o momento de ordenação: sem cabelos. Mas se o cabelo crescer, é o mesmo que retornar à vida de leiga.
5. Um monge deve fazer zazen. Um monge que não faz zazen, não consegue fazer zazen, não deseja fazer zazen, não é um monge da tradição de Dogen Zenji, que teria afirmado Shikantaza - "penas sentar-se". Um monge zen pode fazer muitas coisas, mas sentar-se em zazen é primordial. Não apenas uma vez por semana. Isto é pouco. Há leigos que fazem até três vezes por semana no templo. Se um leigo consegue fazer três vezes, por quê o monge pode fazer apenas uma vez? Se isto existir, o leigo terá que ensinar o zen para o monge. Este monge não tem autoridade para ensinar ao leigo, em hipótese alguma.
6. O monge massagista. Não somente no Brasil, como em outros países da América do Sul vi constantemente monges que se dedicavam também a esta terapia. É válido. Talvez somente a atividade de monge não seja suficiente para suprir as suas necessidades. No caso, uma outra atividade é necessária. Há monges massagistas, monges acupunturistas, monges moxabustão e outras variantes. Mas precisamos deixar claro: monge massagista é diferente de massagista que é monge. Se um massagista for um monge, pode ser concomitante professor de yoga, de ninjutsu, lojista, feirante, mecânico e policial. Acontecendo isso, monge é apenas uma das atividades desenvolvidas em seu leque de preferências. Neste caso, ser monge é como vestir uma camisa e depois de suada, trocar por uma outra e outra ainda.
8. O monge de biblioteca. Sem prática, não existe budismo. Um monge formado em biblioteca é tão pernicioso como o maior dos enganadores. Um monge de biblioteca substitui a prática pela teoria. Mas alguém poderia explicar em palavras o cheiro da jaca para alguém do Japão, da Europa ou dos Estados Unidos? Nunca as palavras e o entendimento mental serão suficientes para falar a respeito da jaca.
9. Um monge deve ser um monge e não apenas comportar-se como monge.
10. Se tudo isto estiver de acordo, receba a ordenação para ajudar a todos, que não seja eu o beneficiado, antes do benefício ser o de todos...