terça-feira, novembro 27, 2007

Aparecida Kannon Bosatsu da Paz Universal II

CONVITE do Templo Busshinji:

Realizar-se-á HOJE dia 27 de novembro, às 12h, no portal do Templo Busshinji, a Cerimônia de Aparecida Kannon Bosatsu da Paz Universal. Na ocasião, durante o ato religioso haverá a distribuição de pratos de alimentação a todos os participantes. Tal fato pretende estender o ensinamento budista da compaixão, que consiste na ajuda mútua entre os Homens.

O Templo Busshinji fica na rua São Joaquim, 285 Liberdade São Paulo SP

sábado, novembro 24, 2007

quinta-feira, novembro 22, 2007

Prática dos preceitos

Em teisho realizado durante o Sesshin anual, em outubro, no Templo Busshinji, Wendy Egyoku Nakao Roshi, abadessa do Zen Center of Los Angeles, falou sobre a importância da prática dos preceitos no dia-a-dia.

Indagada sobre como podemos manter a mente que busca o Caminho quando nos levantamos da almofada de meditação, Wendy Egyoku Roshi respondeu: estudem e pratiquem os preceitos.

Em seguida, apresentou os preceitos observados pela Zen Peacemaker Order. Trata-se de uma aplicação dos 16 preceitos à nossa realidade histórica.

As 16 práticas da ZEN PEACEMAKER ORDER

Os três refúgios de um Zen Peacemaker


(Os Três Tesouros)

Convidando todas as criações na mandala de minha prática e fazendo o voto de ajudá-las, tomo refúgio em:

Buddha, a natureza desperta de todos os seres;
Dharma, o oceano de sabedoria e compaixão;
Sangha, a comunidade daqueles que vivem em harmonia com todos Buddhas e Dharmas.

Os três princípios de um Zen Peacemaker
(Os Três Preceitos Puros: Não fazer o mal, Fazer o bem, Benecifiar os outros)

Tomando refúgio e entrando na correnteza da espiritualidade comprometida, faço o voto de viver uma vida de:

Não-saber, assim abandonando idéias fixas sobre mim e sobre o universo.
Testemunhar a alegria e o sofrimento do mundo.
Curar a mim e aos outros.

As dez práticas de um Zen Peacemaker
(Os Dez Graves Preceitos)

Atento à interdependência da Unidade e Diversidade, e desejando realizar meus votos, comprometo-me à prática de:

1. Reconhecer que não sou separado de tudo o que existe. Este é o preceito de Não matar.
2. Estar satisfeito com o que tenho. Este é o preceito de Não roubar.
3. Encontrar todas as criaturas com respeito e dignidade. Este é o preceito da Conduta sexual pura.
4. Ouvir e falar com o coração. Este é o preceito de Não mentir.
5. Cultivar uma mente que vê claramente. Este é o preceito de Não se iludir.
6. Incondicionalmente aceitar o que cada momento oferece. Este é o preceito de Não falar sobre erros e falhas dos outros.
7. Falar o que percebo ser a verdade, sem culpa ou censura. Este é o preceito de não louvar alguém nem culpar os outros.
8. Usar todos os ingredientes de minha vida. Este é o preceito de Não ser mesquinho.
9. Transformar sofrimento em sabedoria. Este é o preceito de Não ser raivoso.
10. Honrar minha vida como um instrumento para promover a paz. Este é o preceito de Não difamar os Três Tesouros.

Disponível em <http://www.zencenter.org>

terça-feira, novembro 13, 2007

raiva

"E foi então que eu acertei com a verdade fiel: que aquela raiva estava em mim, produzida, era minha sem outro dono, como coisa solta e cega. As pessoas não tinham culpa de naquela hora eu estar passeando pensar nelas. (...) Mas, na ocasião, me lembrei dum conselho que Zé Bebelo, na Nhanva, um dia me tinha dado. Que era: que a gente carece de fingir às vezes que raiva tem, mas raiva mesma nunca se deve tolerar de ter. Porque, quando se curte raiva de alguém, é a mesma coisa que se autorizar que essa própria pessoa passe durante o tempo governando a idéia e o sentir da gente; o que isso era falta de soberania, e farta bobice, e fato é."
João Guimarães Rosa em Grande Sertão: Veredas

segunda-feira, novembro 12, 2007

A miséria da metafísica


Muitos são os alunos das faculdades particulares que procuram o templo budista a fim de elaborar seus trabalhos acadêmicos. Não se sabe direito o que realmente desejam. Assim, desnorteados, fazem a pergunta mais óbvia, sem perceber a falta de preparação para tanto: “fale-me sobre o budismo”. Falar sobre o budismo, há a possibilidade de discorrer horas a respeito. Assunto não faltará. Mas ainda assim, haverá uma lacuna de fragilidade metodológica no tema em questão. O que é o budismo?
Quando interpelado pelo Imperador Wu, o patriarca indiano Bodhidharma respondeu: “O Budismo é como este céu imenso, totalmente vazio”. Será que alguém alheio à prática do budismo está preparado para ouvir esta resposta. Provavelmente os próprios praticantes tenham dúvidas a respeito dela. Ao mesmo tempo que a resposta incomoda, a pergunta revela imaturidade. Não temos que ter vaidade em se evitar perguntas imaturas. Nisso, inclui os próprios praticantes. Afinal, o que é o budismo? Nisso vem a calhar questão levantada por Eihei Dogen em Shobogenzo Genjo Koan: “conhecer o budismo é conhecer a si próprio, conhecer a si próprio é esquecer-se de si”.Portanto, qualquer outra querela não passaria de especulação abstrata.
Podemos recorrer aos livros para saber mais sobre o budismo, mas isso não quer dizer que possamos aprender o suficiente, que possa servir em nossa prática concreta. Não falamos de sonhos e nem idealismos. Mas no agora! Não vivemos no mundo ideal, entretanto a vida se reproduz sobre as ruínas da miséria humana com todas as suas contradições. Assim, procurar um budismo que esteja além do mundo em que vivemos, cairemos nas elucubrações profundas de nosso desespero.
Reuniões acadêmicas que discutem budismo é uma inutilidade visto pelo prisma da prática concreta. Mais se assemelha a um ajuntamento de amigos como interesses comuns, que resolvem entregar-se à metafísica. Pode-se discutir idéias ou palavras mas nunca idéias ou palavras conseguem abarcar a própria verdade. Esteja além de toda linguagem, por isso faça zazen. Um praticante do zen budismo que não faz zazen e quer debruçar-se nos livros e discussões torna-se num grande teórico, jamais num candidato à Iluminação. Não se ilumina lendo livros, e talvez nem se saiba do que realmente se trata o budismo.
Lembro-me de uma história chinesa que ilustra o caso em questão. Existia um pintor na China que gostava de desenhar dragões. Por isso, todas as formas de dragões viravam tema para ele. Sua vida era os dragões. Certo dia, um dragão de verdade lhe apareceu e amedrontado saiu em fuga. Penso que o budismo atrai a muitos, mas não querem conhecer a prática verdadeira, nem mesmo a iluminação. Brincam de sentar-se em zazen e distrair-se com os textos. Mas budismo não se restringe em arranhar o verniz da caixa do dharma, é preciso radicalizar, perfurá-lo, apossar-se de seu conteúdo e tornar-se íntimo com o seu conteúdo.
Praticar o budismo além da linguagem e da metafísica é mais difícil do que ir à Índia a pé. É mais difícil do que banhar-se no Ganges e beber do Eufrates. Praticar além da linguagem é mergulhar no eu completo e destruí-lo completamente. Isso só é possível através da experiência da prática. Destruir o ego é renunciar a ele. Quando o ego é renunciado acabamos com o apego, com as vaidades, com a ignorância. Se isso acontecer, causa medo. Perdemos a nossa identidade, aquilo que é tão valioso em nossa cultura dual e racionalizada. Identidade que é pura ilusão. O dramaturgo Antunes Filho disse certa vez: “o ator pode ser qualquer coisa, pois não tem identidade”.
Temos medo de perder, por isso o budismo idealizado acaba imperando no mundo desencantado em suas formas e manifestações. O budismo idealizado pelas cabeças sonhadoras, da infantilidade racionalista, deve ser substituído pelo budismo real, muitas vezes trágico, mas capaz de acabar com a ilusão.
Numa composição poética, diz Mitsuo Aida:

O Caminho sou eu quem constrói.
O Caminho sou em quem abre.
As coisas que os outros fizeram não são o meu Caminho.

quinta-feira, novembro 08, 2007

Capacidade de interferir

Sendo o budismo zen menos lógico do que pode apreender a nossa inteligência racional e discriminadora, como podemos ter certeza que algum tipo de atuação no mundo possa ser verdadeira. Nem mesmo dizemos que aquilo que a cabeça pensante discrimina como verdadeira, pode ser vista de igual forma a partir da mutabilidade que ora ocorre no universo, ora ocorre em nossa própria mente. Desconhecemos as causas a que os fenômenos sansáricos estão condicionados numa cadeia ininterrupta de acontecimentos.
Por isso, a Iluminação experimentada a partir da prática é fundamental. Acima de tudo, esta prática é a mesma que direcionou o príncipe Sidharta a sentar-se em zazen em Bodhigaya. Dizer que o zazen é uma atitude passiva me parece questionável, pois ensinaram os antigos que existe movimento na quietude e quietude no movimento. Ensinou-me o meu training teacher que uma represa é capaz de reter milhões de litros de água. Será a represa passiva? Em sua aparente passividade, a represa com sua energia contrária a da água em suas paredes, a retém.
Num mundo em que a atitude exposta, como os movimentos, discursos e reações são comuns, de que forma os ditos praticantes do budismo, ou seja da harmonia, da sabedoria, da compaixão, podem atuar conforme as suas crenças. Se uma reação existir no interior do trama das paixões, ou seja da ilusão, ainda estaremos reproduzindo os mesmos erros dos iludidos e deludidos. Mas não somos melhores do que os que estão fora desta prática. Esta afirmação é verdadeira. Ainda que seja assim, uma atitude radical é necessária.
Não há definição melhor de budismo como esta que ouvi de um monge do Mosteiro Saijoji. Disse ele: “quando uma flecha atinge alguém, a nossa atitude imediata é a de retirar a flecha; não interessa no momento quem a atirou, qual foi a velocidade da flecha, o peso da flecha, se a ponta da flecha era feita de metal ou pedra”. Posto de outra maneira, discussão demais pode ser imoral naquele momento. Toda abstração a respeito da flecha é imoral diante da vida que pode se perder. Devemos, então, é arrancar a flecha e salvar o ferido.
Mas para isso acontecer, devemos estar livres da ilusão. A mente atenta evita discussões, aquieta-se. Somente assim, a atitude pode ser correta, pois o coração é puro. O homem da prática deve agir com o coração puro. Outros podem agir com o coração impuro e, inclusive, alcançar objetivos de bem comum. Agem desta forma os políticos, os líderes sindicais, os representantes de classe, os filósofos e jornalistas.
Tratando-se de praticantes do dharma, a atuação da mente não se restringe à mente pequena, condicionada e carregada de apegos e vaidade. Devemos ser como Buda, aquele que senta-se nos altares, imóveis, irradiando uma alegria nos lábios. Diante da maré ilusória e que gera sofrimento, ele se compadece de nossa dor, mas nada pode fazer pois a Iluminação depende da iniciativa do próprio sofredor. A atitude que ele espera é que o sofrimento tenha um fim. Que se acabe. Para que tal fato aconteça, deve acabar concomitante com a ilusão.
Mas temos apegos demasiados com as nossas próprias ilusões. Como num sonho: lutamos com os supostos inimigos e nos cansamos de tanta movimentação ao brandir espadas e lanças; nos esforçamos tanto que, num momento de maior excitação, conseguimos desarmar o inimigo e relaxamos; quando relaxamos, a nossa bexiga se livra da tensão e acordamos molhados. E neste momento, pensamos: tudo foi um sonho, mas era tão real?
A vida como num sonho, se um praticante levar a sério demais os acontecimentos da Roda do Samsara, poderá acreditar que a ilusão é real. Terá que ver o sonho como sonho e o real como real. Por isso, devemos criticar as atitudes precipitadas, ainda envoltas na lama da ilusão. Um praticante deludido é aquele que acha ser Iluminado, por isso age conforme a sua vontade. Erro. Assemelha-se o caso àquele do cego que conduz outros cegos em direção ao abismo. Perigo.
Avessas à metafísica, o praticante deve ter uma relação orgânica e direta com a vida. Se o sofrimento é uma condição na vida ilusória, ainda que pouco, tentemos amenizá-la. O necessitado pode estar mais próximo do que se pensa.
Acima de tudo, um praticante que não busca a Iluminação através da prática, não quer sair do mundo da ilusão. É um personagem de um sonho, que sabendo tratar-se de um sonho se recusa a acordar.

terça-feira, novembro 06, 2007

Dia das crianças

Dia 12 de outubro, ao final do Sesshin anual, que se realizou no templo Busshinji, em São Paulo, ocorreu uma singela porém inspiradora cerimônia em homenagem às crianças. Em frente à imagem de Jizo Bosatsu, protetor das crianças e dos viajantes, leigos e monges entoaram o Shariraimon e o Hannya Shingyo, dedicando a recitação em benefício de todos os seres vivos e, nesta ocasião, especialmente às crianças.
Os participantes trouxeram inúmeras oferendas, como doces, biscoitos, salgadinhos e brinquedos.
As doações foram distribuídas entre as crianças da comunidade do Jardim Luciana, em Franco da Rocha.
Agradecemos a todas as crianças, mentes de principiantes, seres de pureza e alegria, que enchem nosso coração de ternura e esperança.
Que todas possam ser felizes, estar seguras e ter o coração pleno de bem-aventurança!
Azaléias cor-de-rosa
sob a chuva miudinha.
A cada passo uma novidade