domingo, março 29, 2009

Da fonte

Não saber que um sábio é sábio, é ingenuidade
Acreditar que um sábio é sábio, é ignorância
Ver além das formas é chamado de sábio e reune o que foi separado

terça-feira, março 24, 2009

Andar sem pegar



Sim, quando se está no caminho, passo a passo, cada passo é tão inteiro por si só, tão revelador, que morrer, se acaso acontecer, não será motivo para tristeza e aflição. Porquê estar no caminho é saber-se morto desde o início, é estar vastamente vivo, sem sequer supor possuir a vida, ou qualquer outra coisa. Porquê se afligir se a lua continuará o seu ciclo, o sabiá laranjeira sem nome ainda irá pousar no jacarandá mimoso e as ondas do mar irão lamber docemente os pés da criança iluminada. Se estou vivendo, estou vivo, se estou morrendo, então estou morto, neste instante. Sequer pensar nisso não invalida a questão, da mesma forma que pensar qualquer coisa que seja não legitima esta coisa. O Dharma tem uma lógica avassaladora mas é ainda mais. Manter-se na ignorância não gera segurança, caminhar pelas margens não nos une ao rio. Ver o céu sem a luz do sol não desfaz os mundos nem transcende vidas. Caminhar com os próprios pés é o único caminho.

sexta-feira, março 20, 2009

O Ciclo do Samsara



Esta animação foi produzida para Douleurs Sans Frontières (Dor Sem Fronteiras), uma Ong humanitária francesa que trabalha na área de saúde.

terça-feira, março 17, 2009

Encontro

O caminho...
Passos e respiração.
Rios de sangue comunicam o "dentro" pelo "fora"
Na rede de brahman todos os umbigos são um.

O cansaço se cansa, pouco mais, pouco menos
A dor dói e as paisagens continuam lá, onde não estão
a memória sempre acaba e já não há trilhas a vista
O olho olha sem ver, o desejo deseja sem o objeto

Um pé atrás do outro, qual vai à frente?
Acácias deslizam como sonhos palpáveis pelos cantos dos olhos
Calçadas seguem seu curso para nenhum lugar
Caminhos se cruzam sem nunca chegar

domingo, março 15, 2009

Como praticar zazen

"Quando eu me impulsionava para frente eu era arrastado. Quando eu ficava no mesmo lugar eu afundava. Assim eu cruzei a torrente sem me impulsionar para frente e sem ficar parado no mesmo lugar."

(Ogha-tarana Sutta, Cruzando a Torrente, em Acesso ao Insight)

sexta-feira, março 06, 2009

Margha

Seguirei aquela nuvem
até que chova em meus pés.
Perambulando sem nunca chegar
É assim que agora me encontro...

Já não há lembranças
Nem mais tempo para viver
Junto este corpo às margaridas sem dono da beira da estrada
e às estrelas que na cidade não se vê.