segunda-feira, abril 06, 2009

O lado escuro da lua

É tão difícil e doloroso lidar com os outros
eles nos tiram do eixo e não correspondem
ao que gostaríamos que fossem
ou não estão a todo momento no mesmo palco (teatro) que nós

É tão difícil lidar com nós mesmos
acabamos sempre perdendo o eixo
e não somos como gostaríamos que fôssemos
ou erramos quase sempre nos mesmos pontos o nosso papel

O inferno são os outros, diz Sartre
O inferno somos nós mesmos

Um aparente jogo de espelhos
Carma circular gigantesco
se auto-alimentando dentro de um sonho
Perpetuando a ignorância em arroubos de descontroles e conveniências

Deixemos, agora, de acreditar, de verdade!, no teatro da sociedade...

Porquê toda a nossa dificuldade em lidar com o outro
é a mesma em lidar com nós mesmos
Toda agressividade que vem do outro
é a nossa agressividade quando respondemos a altura
ou nos chateamos com isso
Toda a gozação e despeito é o pouco caso que encerramos e manifestamos aqui dentro simultaneamente quando nos tornamos vítimas nesse jogo - a mesma moeda

Aí está o valor da sangha, convivemos com pessoas
que aceitam participar do mesmo palco, da mesma peça
Dramaturgia sem história, sem fim e sem princípio
Embora haja figurino, papéis e até objetivos aparentes

Devemos aceitar o vazio entre nós todos
E não mais uma vez sofrer (entrar em conflito) à altura do sofrimento (conflitos) do outro
Isso não é compaixão. Se eu puder ver a insatisfação do outro
e puder ver a minha própria insatisfação, e saber
silenciar, e saber calar aqui e agora, e contemplar...

O sofrimento do outro pede ação, ou não-ação
O ciúme, o mau-humor, a agressividade, a inveja, o medo
são sofrimentos nossos, dividimos isso. Ou não...
Também a dor, a doença, a perda e a velhice são comuns.
Ajudar efetivamente é compaixão.

Sobretudo, compartilhamos o caminho
Compartilhamos o método para o acordar
Somos inspiração, uns para os outros
Não seguimos nem somos os "nossos" carmas.
Observamos e somos o próprio Dharma.

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