sexta-feira, maio 01, 2009



- Mestre, o que faço para parar de pensar tolices? A todo momento me vêm coisas inúteis à mente.
- Jusshi - respondeu o mestre - você fala tolices na presença do mestre para que o mestre as ouça?
- Não, não. Na presença do mestre procuro me concentrar, muitas vezes não consigo pensar em nada sequer! - respondeu o discípulo.
- Jusshi, você fala coisas inúteis com o mestre?

O discípulo olhou para o mestre e a resposta estava em seus olhos, nenhuma palavra saiu de sua boca. O mestre ficou em silêncio, e o silêncio perdurou por poucos segundos sem fim. Neste momento Jusshi se iluminou.

º º º

Uma grande prática é parar de falar coisas inúteis, repetitivas, que sabemos que não servem e não acrescentam nada a nada. Que, se servem, servem apenas para esconder o silêncio, o silêncio da amizade, da beleza de uma planta, ou de uma cadeira velha. Esta prática se torna mais difícil na presença de grupos de amigos onde acreditamos estar presentes alimentando este tipo de conversa inútil. Nessas horas calar e observar é uma grande coisa. A fala é a nossa expressão, a fala é um sistema, ela alimenta corpo e mente num ciclo onde corpo e mente voltam a alimentar novamente a fala. Esse círculo é constante e sem fim, então se o alimentamos com inutilidades ele gera inutilidades, perda de energia e tempo, e se o alimentamos com essas coisas, essas coisas terão que sair em algum momento, e aí é difícil não falar, parece quase impossível não falar tolices, estamos transbordando. Ao mesmo tempo que se o alimentamos com o nobre silêncio, ou com conversas consequentes dentro da prática da iluminação, é nessa direção que nosso corpo e mente seguirão.

A roda do samsara e a roda do dharma.

Claro que, o bom, velho e fino, senso de humor é uma outra categoria.

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