O sol nasce para todos e a ninguém cobra
Alguns pensam que querem se aproximar do fogo.
E quando pensam muito, pensam o que todos pensam
e pensando que pensam corretamente desistem
Outros se aproximam do fogo, mas só um pouco
- isto já é o suficiente, nada de avermelhar a pele
queimar então é que não, vão até onde chegam
seus óculos escuros e protetores solar, desta ou daquela marca
Outros sim, estão dispostos, se aproximam muito do fogo
e por horas o encaram, as faces vermelhas, os olhos em chamas
até chamuscam, estes ficam íntimos, nem se importam
com o calor, se expõem como são, sem proteções
mas quando chega o momento de se deixarem torrar em labaredas, são tomados pelo medo e se afastam, mantêm distância, mínima, mas mantém
Mas há os que se aproximam tanto, tanto, que seus pés
se acendem como lâmpadas e sua mente que também arde
se abre como uma flor no jardim dos budas, e tudo
fica indizivelmente claro. E desse jardim já não retornam
embora estejam aqui: sentando, comendo, varrendo e cantando.
E por último há aquele que encontra o centro do fogo
e lá permanece, e estando lá está aqui, destes só ouvi falar.
Céu - Manuel Bandeira
ResponderExcluirA criança olha
Para o céu azul.
Levanta a mãozinha,
Quer tocar o céu.
Não sente a criança
Que o céu é ilusão:
Crê que o não alcança,
Quando o tem na mão.
Sim, mas, mais do olhos (e intelecto) de poeta, é preciso
ResponderExcluirver pelos olhos cálidos dos passarinhos,
e mover-se na inocência anterior às palavras,
com todo o corpo.
Pois é, e às vezes é bom se queimar um pouco.
ResponderExcluir