terça-feira, fevereiro 09, 2010

Sesshin

O sol nasce para todos e a ninguém cobra

Alguns pensam que querem se aproximar do fogo.
E quando pensam muito, pensam o que todos pensam
e pensando que pensam corretamente desistem

Outros se aproximam do fogo, mas só um pouco
- isto já é o suficiente, nada de avermelhar a pele
queimar então é que não, vão até onde chegam
seus óculos escuros e protetores solar, desta ou daquela marca

Outros sim, estão dispostos, se aproximam muito do fogo
e por horas o encaram, as faces vermelhas, os olhos em chamas
até chamuscam, estes ficam íntimos, nem se importam
com o calor, se expõem como são, sem proteções
mas quando chega o momento de se deixarem torrar em labaredas, são tomados pelo medo e se afastam, mantêm distância, mínima, mas mantém

Mas há os que se aproximam tanto, tanto, que seus pés
se acendem como lâmpadas e sua mente que também arde
se abre como uma flor no jardim dos budas, e tudo
fica indizivelmente claro. E desse jardim já não retornam
embora estejam aqui: sentando, comendo, varrendo e cantando.

E por último há aquele que encontra o centro do fogo
e lá permanece, e estando lá está aqui, destes só ouvi falar.

3 comentários:

  1. Anônimo5:53 PM

    Céu - Manuel Bandeira

    A criança olha
    Para o céu azul.
    Levanta a mãozinha,
    Quer tocar o céu.

    Não sente a criança
    Que o céu é ilusão:
    Crê que o não alcança,
    Quando o tem na mão.

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  2. Sim, mas, mais do olhos (e intelecto) de poeta, é preciso
    ver pelos olhos cálidos dos passarinhos,
    e mover-se na inocência anterior às palavras,
    com todo o corpo.

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  3. Pois é, e às vezes é bom se queimar um pouco.

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