Nos horários de pico, a entrada nos vagões do metrô é sempre bastante tumultuada. Ainda antes de as portas se abrirem, muitos invadem a área delimitada pela faixa amarela, se acotovelando à espera de que o vagão pare. Apesar de haver faixas indicativas para organizar filas, todos se aglomeram, comprimindo-se desordenadamente. Assim que as portas se abrem, aos empurrões as pessoas entram no trem. Nesse momento não se respeita a posição na fila ou a idade, é cada um por si, à procura dos melhores lugares. Podemos sentir raiva com essa falta de educação, afinal estamos ali parados certinhos na fila. Podemos também, aos trambolhões, defender nossa posição na entrada do vagão, não permitindo que outros tomem a nossa frente. É possível, ainda, ceder a passagem, à espera de que todos entrem, para só então procurar embarcar. Nesse caso, corre-se o risco de se ficar de fora, e isso levará a um atraso em nosso caminho. Outra possibilidade é acordar mais cedo e evitar o horário do rush. Também é possível abandonar essas considerações e entregar-se ao fluxo da multidão. Se alguém nos der passagem, agradecemos; se pisarmos no pé de algum, pediremos desculpas.
sexta-feira, maio 26, 2006
A prática da plataforma
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Eu teria escrito este comentário, quase que exatamente com as mesmas palavras. E gostaria de completar com o que ocorre logo depois. Apesar do empurra-empurra, acaba acontecendo um clima de cumplicidade onde todos estão entrando no mesmo barco da mesma forma. Sofrendo os mesmos empurrões e pressões. Então sorrio, e muitos fazem assim, e me deixo levar, protegendo minha mochila e procurando não machucar quem vai à frente. É um momento de grande proximidade, o tecido das roupas e a pele dos braços se encostam pelos quatro cantos. Sente-se respirações e, se fechar os olhos talvez dê para escutar os corações batendo.
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