terça-feira, abril 03, 2007

Hanamatsuri em Curitiba

No último sábado, dia 31, comemorou-se em Curitiba o Hana Matsuri, a Festa das Flores, que celebra o nascimento de Buda Shakiamuni.

Conta a lenda que no momento do nascimento de Sidharta uma chuva de pétalas se derramou no Jardim de Lumbini, onde o pequeno veio à luz.

Num lindo dia de sol a Praça do Japão estava enfeitada de fitas coloridas. Nos pequenos lagos, flores de lótus confeccionadas pelos participantes da festa boiavam na água.

Ao meio dia a praça já estava cheia, com as barraquinhas de comida recebendo um grande público.

A música se espalhava pelos gramados, onde uma divertida e fantasiada juventude dançava, reproduzindo coreografias. Garotos e garotas trajando roupas de personagens de desenhos animados, lutadores de artes marciais e todo tipo de alegoria animavam a festa com suas brincadeiras.
Aqui e ali viam-se famílias inteiras passeando pela praça e aproveitando o sol no gramado.

Às 13:30 iniciou-se o cortejo, em que o elefante branco desfilou ao redor da praça, levando em seu dorso o altar com a imagem de Buda menino, decorada com inúmeras flores coloridas.

Essa tradição remonta à lenda que narra o nascimento de Buda Shakiamuni. Sua mãe, antes de seu nascimento, sonhou com um elefante branco, sinal de que o menino que estava para chegar era um ser iluminado.

Adiante, seguiam as crianças, anunciando a novidade, devidamente vestidas e enfeitadas, para alegria e deleite dos orgulhosos papais e mamães. Em seguida, monges de várias tradições do budismo lançavam ao público pétalas de papel colorido, com votos de felicidade, harmonia, paz.

Quando a procissão terminou a volta em torno da praça, os monges subiram ao altar para a cerimônia religiosa de abertura dos festejos.

Representantes de divseras tradições ali se encontravam: Soto Zen, Jodoshu Nippakuji, Nyorenji HBS, Higashi Hongaju, Konkokyo e Dordje Ling, esta última pertencente à linhagem do budismo tibetano.

Representando a Soto Zen, participaram o Monge Kendo, responsável pelo Centro Zen de Curitiba, e o Monge Koun, ligado ao Templo Busshinji, de São Paulo.
A cada ano a organização do evento faz um rodízio entre as diversas atribuições da cerimônia. Na edição deste ano, o oficiante foi o Lama Ieshe, da tradição Dordje Ling.

Após se posicionarem no altar, um a um, cada monge se dirigiu ao altar, ofereceu insenso e banhou com chá adocicado a imagem de Buda menino.
Essa tradição remonta à lenda que conta que, assim que Sidharta nasceu, dragões surgiram no céu e fizeram chover néctar sobre toda a Terra.
Neste momento, especialmente emocionante, cada monge seguiu a forma de sua tradição, reverenciando e prostrando-se diante de Buda conforme sua linhagem.
Os monges da Soto Zen, após oferecerem insenso, realizaram o sanpai, as três prostrações diante de Buda.

Em seguida recitou-se o Tiçarana – as três jóias, em páli – e entoou-se em coro o Maka Hannya Haramita Shingyo.

Após a leitura do sutra, o monge oficiante dirigiu-se ao público, que acompanhava atentamente a cerimônia, saudando-o e convidando-o a celebrar essa data tão especial.

Em seguida o preletor, o Monge Kendo, falou aos presentes, narrando o momento do nascimento de Shakiamuni e esclarecendo aos ouvintes a importância de preservarmos a vida em todas as suas formas, como uma dádiva que recebemos e que devemos respeitar profundamente.
Seguiram-se à fala dos monges breves discursos das autoridades ali presentes.
Encerrada a cerimônia, a festa prosseguiu, alegre e animada, até a noite, momento em que uma linda lua redonda e branca surgiu no céu de Curitiba.
A todo instante pessoas abordavam os monges, tirando dúvidas sobre o budismo e buscando informações sobre a prática, locais e horários.

Ao vermos todas as pessoas reunidas ali, naquele momento e local, muitas sem saber ao menos do que se tratava a festa, outras bastante envolvidas com a data que se comemorava, entendemos o real significado do “coração de Buda”, que, sem forma, a todos envolve.

Comendo, bebendo, rindo, conversando, se divertindo, dançando, rezando, todos formam o corpo vivo de Buda, aquele corpo que é capaz de espalhar compaixão e sabedoria por todas as direções.



lua sobre a praça
o nascimento de Buda
a todos ilumina













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