terça-feira, abril 04, 2006

A dor que sente o animal

Uma nova tribo que consome unicamente alimento vegetal surgiu em nosso mundo pós-moderno. Alguns optaram por uma questão de saúde. Outros, não apenas saúde mas também moral. Baseiam-se estes de que os animais sacrificados para a alimentação humana é um procedimento desumano. Quer dizer, estes animais sofrem uma violência em sua formação, como confinamento e alimentação forçada, sem contar os métodos cruéis para sacrificá-lo. Não é por acaso que o mundo se voltou contra a matança de baleias. As mais criativas formas de sacrifícios são mostradas pelos grupos de defesa dos animais: asfixia, choque, golpes de marreta, sangramento e outros. Claro, são realmente cruéis, capaz de sensibilizar qualquer ser humano. E, baseados neste argumento, param de consumir carne, visando diminuir a matança. Todos estes motivos são válidos. Mas, pensando de maneira crítica, não somente os animais sacrificados são passíveis de sentir dor. Talvez as plantas igualmente possam sentir algum tipo de "dor", que a sensibilidade humana não conseguiu identificar. Algumas pesquisas comprovam este fato: Cleve Bakster descobriu em 1966 que as plantas tinham sentimento após serem ligadas no galvanômetro. Dizia que as plantas tinham memória, sentiam amor, raiva, medo, ódio e alegria. Mas a comprovação científica não serve de justificativa para alterar o meu comportamento moral. De fato, se a moral existe, quer dizer a responsabilidade moral enquanto princípio norteador da vida e não uma abstração carregada de culpa, não existe diferença entre sacrificar os animais para a alimentação, da mesma forma que os vegetais. Visto a partir do entendimento compassivo do budismo, todos os seres vivos, sem distinção merecem respeito: vegetais ou animais. Em se tratando de animais, não se pode também consumir mel. Pois, para a retirada do mel uma quantidade grande de abelhas são mortas. Dizer que aceitar a morte das abelhas e não das baleias é uma falsidade. Para a natureza, as abelhas são tão valiosas quanto as baleias. Por outro lado, dizer que os animais de sangue quente sofrem mais do que os de sangue frio, do que os insetos, é contrariar a própria moral. Não está certo. Se o argumento de não se aceitar a morte dos animais, para a alimentação, for plausível, igualmente todos os outros seres vivos também devem ser poupados.
Desde que existe a história do mundo, o homem não desapareceu da face da terra pois se alimentou, inclusive dos animais. Em brutal luta contra a natureza, conseguiu sobreviver. Se os esquimós não se alimentassem com gordura animal estariam extintos. E nem se poderia falar de budismo tibetano, pois não existiria mais tibetanos, que são povos nômades criadores de gado.
Não se trata da fazer a apologia dos comedores compulsivos de carne, justificando o seu consumo. Podemos diminuir o consumo de carne, por uma questão muito mais de saúde do que moral. Imoral na verdade é a fome que grassa os países pobres da África, da América Central, do Sul, cujos povos famintos preocupam-se menos com questões metafísicas do que a própria sobrevivência. Nos parece que a justificativa de não se consumir carne não se aplica a condições específicas de nossa história. No caso, a subnutrição.

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