sábado, abril 28, 2007

O budista de livro

Nada mais inóspito do que aquele pseudo budista que se considera o tal após ler livros de budismo. Nada mais vergonhoso e falso. Da mesma forma, que não se torna mágico lendo livros de mágica, piloto de carros lendo livros de Fórmula 1, marxista lendo livros de Marx e nem humorista com a leitura das piadas de papagaio. É preciso prática em todos os exemplos citados. No budismo não é diferente.
Por isso, substituir a prática pela leitura é uma ofensa ao próprio budismo. Alguns nem ao menos sentam-se em zazen, mas como já leram algo, dizem que são entendidos no assunto. Ledo engano. Houve época em que os primeiros interessados no budismo deliciavam-se com a leitura de D.T. Suzuki em obras primorosas como "Introdução ao zen budismo", pela Cultrix. Ao lado deste, década de 60, 70, os outros autores eram o místico Thomas Merton, Allan Watts, depois Phillip Kapleau. Mas superada a leitura, enquanto uns seguiram lendo outros, outros desistiram e outros ainda partiram para a prática do zen. Por isso, não pode ser considerado um praticante aquele que limita-se às leituras dirigidas ou não, esquecendo-se em sentar-se ou ainda diminuindo a sua importância. A estes, podemos considerar um estudioso livresco do zen.
A respeito, o fundador da Soto Zen, Eihei Dogen combateu drasticamente todo intelectualismo existente no Monte Hiei em detrimento à prática. Algumas escolas, não zen, dispensam a prática e enaltecem a devoção, o ritual, os exercícios tântricos. Mas isto não se aplica ao zen. Neste, estudar o zen é dispor-se a sentar-se em zazen. Uma vez por semana, duas, três vezes se possível. Sentar-se em zazen é melhor do que ler todo o Shobogenzo e decorar todos os sutras de Lótus e os Prajnas juntos.
Os que dizem praticar o zen mas não se sentam, seria mais sincero mudar de escola. Afinal, todos são livres em dedicar-se em algum tipo de treinamento: experiência ou teoria, iluminação ou delusão, corpo ou espírito, dia ou morte... Na verdade, toda esta divisão é fruto de nossa produnfa ilusão, pois nada se encontra separado. Para se entender isso, basta sentar-se em zazen. Quem pensa demais, não tem tempo para a prática. Mas quando atuamos conforme o não pensamento, a ação começa a existir. É a ação no tempo do "aqui e agora", é a ação no espaço do "aqui e agora".

2 comentários:

  1. Anônimo7:24 PM

    Jisho San, os seus textos têm me ajudado a perceber e compreender melhor os meus erros.Gasshô,
    Denkô

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  2. Anônimo3:43 PM

    Se não é pra ler nada então era melhor você cancelar este blog, já que isso contradiz o que você mesmo está dizendo. E aí vai lá sentar em zazen.

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