terça-feira, dezembro 19, 2006

Nem dentro, nem fora

No Shodoka, há uma estrofe que diz:

"Temos de viver muitas vezes
e muitas vezes morrer.
Vida e morte se sucedem
continuamente na eternidade"

Zazen é igual à vida.
Durante o sesshin, morremos e nascemos inúmeras vezes, ao longo dos sete dias: a cada madrugada sonolenta, a cada impulso de abandonar o zafu, a cada pensamento prazeroso que nos arrasta para longe da sala de meditação.
Morremos de dor nas pernas, morremos de raiva quando somos corrigidos, morremos de sono, às vezes.
Mas, a cada morte de nosso ego, simultaneamente há um renascimento venturoso na morada divina do aqui-e-agora.
Então já não há as minhas pernas, o meu sono, a dor nas minhas costas, mas o universo todo que renasce no pássaro pousado na janela do templo, no sorriso encorajador do monge ao seu lado, no perfume do arroz que vem das tigelas, na vida que se agita no sobe e desce da rua São Joaquim.
Realizar o sesshin é, antes de tudo, abandonar essa vida de ilusões e renascer nas três jóias, no Buda, no Dharma e na Sangha: Buda é a mente, o Dharma é o próprio Buda, a Sangha é o Dharma presente.

Com respeito, agradeço à Sangha.
Que esse renascimento venturoso se espalhe por todas as direções, em benefício de todos os seres.

Zazen é igual à vida.


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