terça-feira, dezembro 19, 2006

Sincronia

Quinto dia de Sesshin. O dia estava escuro, o céu cinza de nuvens apressadas. Estávamos imóveis no zendô desde as seis horas da manhã. Ao som da minha respiração somávasse o som das máquinas na rua São Joaquim, o alarido das crianças que brincavam na calçada ao lado do templo, um Bem-te-vi e alguns Pardais. A imobilidade na sala de meditação foi então quebrada de súbito, pelo inesperado tocar do pequeno "sino" utilizado pelo Inô, mas agora nas mãos do professor Saikawa. Só ele estava de pé, fez três prostrações em frente à imagem do Buda Monju e começou a entoar sozinho um sutra. Neste momento, as nuvens silenciosamente móveis sobre nossas cabeças deixaram uma brecha no céu que iluminou todo a sala. Logo depois Saikawa Roshi falou-nos sobre delusão.

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