Qualquer praticante do dharma deve levar em consideração as quatro formas de manter-se em vigília:
1. dana - ou doação.
2. sila - conduta moral, os preceitos.
3. ksanti - paciência.
4. virya - vigor, devoção, energia.
5. dhyana - concentração.
6. prajna - sabedoria.
1. Sem doação, a prática deixa de ter validade. Podemos doar dinheiro, alimento, roupa, trabalho ou uma palavra de bondade. Quer dizer, de maneira desinteressada oferecemos aquilo que está ao nosso alcance. Tendo em vista a doação, juntamos as palmas e fazemos gashô. Certa vez o Superior Miyoshi chamou em sua direção a nova discípula e ensinou: "veja, se você abre as mãos tudo que tem dentro sai, mas também o que está fora entra". Doar, em sí, é igualmente receber. Entretanto, o praticante sério nunca tem os olhos voltados para recompensas. Não se doa para receber, apenas se doa.
2. Ao que se refere à conduta moral, trata-se dos preceitos assumidos quando da aceitação dos mesmos pelo praticante. Isso ocorre na ordenação como discípulo de Buda. O primeiro destes é "não matar nenhum ser vivo". Não apenas seres humanos mas qualquer forma de vida. Nenhuma vida é inferior e nem superior -sem discriminações. Outros preceitos estão presentes como "não roubar", "conduta sexual inapropriada", "ingestão de alucinógenos" e "não mentir". Ao invés de decorar uma lista de preceitos, seria mais inteligente que a partir de nossa prática possamos saber o que realmente deve ser evitado. Visto desta forma, a ingestão de drogas não é por ser um preceito mas um ato de sabedoria. Quer dizer, a droga afasta o praticante daquilo que ele mais procura: a Iluminação.
3. Nenhuma prática é mais dolorida do que a paciência. Sem ela, cansamo-nos rapidamente e a prática torna-se uma tortura. A paciência é justamente a nossa capacidade em insistir com o treinamento. O patriarca Bodhidharma é representado por um boneco redondo, com peso na parte inferior. Mesmo que seja derrubado, levanta-se. Um velho ditado do folclore japonês diz: derrube-o setes vezes, ele se levanta oito. Por sete vezes ele tentou penetrar na China sem sucesso, somente na oitava conseguiu.
4. Aquilo que se chama energia surge nos momentos de dificuldade ou simplesmente deixa de surgir. Alguns desistem, outros, ao contrário insistem. Os fracos não são isentos de energia, mas acreditam na incapacidade de usar a energia que têm. No processo de abandono e renúncia toda a energia se faz presente e o medo desaparece, também a insegurança e a dúvida.
5. Se não existe meditação, o budismo no sentido radical deixa de existir. Quer dizer, seguir os passos de Buda, que entregando-se à pratica do zazen logramos atingir a Iluminação. Seria falso falar em budismo sem Iluminação. Mas existem alguns que pensam desta forma e assumem a própria incapacidade. Ao invés da meditação exercitam-se em outros modelos como recitação de mantras, prostrações, oferecimento de incensos e outros. Nada disso leva à Iluminação.
6. Por fim, a sabedoria é o ponto mais alto da montanha que leva à Iluminação. Não se adquire lendo livros ou ouvindo palestras. A sabedoria é a descoberta através da própria experiência aquilo que fica além da linguagem comum: conceitual e dualística.
Obs. Todos os seis paramitas devem estar juntos, sem que um seja melhor do que o outro. Sem sabedoria não há iluminação; sem energia não há paciência; sem conduta moral não há sabedoria; sem paciência não há concentração; sem concentração não há iluminação, assim por diante. Praticantes, pratiquem os Seis Paramitas. Se agirem assim, estarão no Caminho Correto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário