terça-feira, março 07, 2006

A rã meditante

Certa vez vi uma pintura satírica, mostrando uma rã com a seguinte legenda: "se bastasse sentar, a rã seria iluminada". Por outro lado, Dogen afirmou em seu retorno da China "Shikantaza" - ou apenas sentem-se. Há diferenças entre estas duas assertivas. Talvez a rã nunca consiga se iluminar, entretanto o mesmo não se dá com o homem. Mas a rã, quem sabe, dispensa a iluminação da maneira pretendida pelo homem. Se com o objetivo de ter a iluminação, se o homem sentar-se em zazen - quer dizer em Shikantaza - não a alcançará. Retomando Dogen, a respeito da própria iluminação disse "abandonar corpo e mente, mente e corpo abandonados". Este é a forma ensinada pelo patriarca Dogen Zenji, que herdou de Nyojo, do Mosteiro Tendozan, na China a prática do Zen Soto. Penso, não se trata da iluminação da rã, mas a do homem. Não basta sentar-se, apenas. É preciso abandonar-se. Se não agir assim, a mente condicionada continua a formar uma cadeia de desejos e apegos. Até o próprio zazen tornar-se-á num apego. Se assim acontecer, até isso temos que abandonar. Afinal, não foi assim que agiu o príncipe Sidhartha? Ainda que tudo tivesse abandonado, família, riquezas, poder e sensualidade, a mente mantinha apegado a formas anteriormente concebidas. Foi preciso abandonar a própria mente...

Um comentário:

  1. Anônimo6:08 AM

    Really amazing! Useful information. All the best.
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