Existe um espaço que separa a margem das idéias com a da realidade histórica. Ainda que a mente consiga aceitar alguns postulados, como certos, acaba não se realizando no plano do concreto. Podemos chamar a esta dicotomia de ilusão. Seja no campo da moral, da religião e dos comportamentos este abismo torna-se um marco da dissonância. Deve existir algo de errado? Ou seja, os princípios não se coadunam com a ambigüidade da vida social e política. Nem sempre aquilo que é bom, condiz com a nossa corrupção de um meio em que o mal se instalou, tornando na única realidade plausível. São nestas condições que o homem moderno se encontra perdido, de um lado a conduta correta, de outro a doença que mina qualquer postulado verdadeiro. E nesse caso, preferimos em nossa quietude aceitar o correto como parte de nossas ansiedades mais profundas e verdadeiras, mas débeis demais para ser vivenciado.
Tratando-se das experiências do sagrado, de muito a distância entre as partes tornou-se censo comum. Mergulhado num universo fantástico no qual desfilam os símbolos, estes continuam símbolos nos discursos apologéticos, sem contaminar-se com a poeira das vaidades do mundo da cultura e da produção histórica. Como fossem coisas diferentes. Enfim, o maniqueísmo racional das polaridades eqüidistantes acabou permeando a nossa forma de atuar no mundo.
Não se trata, no entanto, apenas das religiões adâmicas e messiânicas este condicionamento. Outras tradições religiosas, inclusive, erram ao cometer o mesmo deslize. E nem o budismo zen pode escapar desta situação. Comprova este fato o comportamento de muitos praticantes, que diferenciam a vida comum da vida em ação meditativa durante o zazen. Surge neste momento, o perigo. Se não se consegue estender a prática da meditação sem objetivos, com a prática do cotidiano, então a ilusão não pode ser maior. Deixa transparecer a impressão de que o zazen é um paliativo diante da violência emocional durante a lida.
Neste caso, talvez haja falta de prática mais intensa, pois a mente em atenção cede lugar para a mente condicionada. Alguém chegou a me dizer de que a vida comum não acolhe a prática budista da Iluminação. Para quem se esforça a ensinar esta prática, esta afirmação não poderia ser mais desanimadora. Venceu a mente condicionada. Para esta mente, a aceitação das regras do jogo social, da maneira como apresentada, é fator determinante da vida. Se assim for, nada valerá a prática budista. A prática budista é justamente para quebrar tal condicionamento, a fim de sairmos das malhas da ilusão. Esta mente condicionada justifica que o mundo do trabalho impõe determinadas atitudes como responder a altura, quando agredido, fazer o jogo político, levar vantagens, buscar recompensas e lucros. Assim fica difícil a vivencia da sabedoria e compaixão ensinada pelo budismo. Na verdade, a prática budista deve se realizar nas condições mais efêmeras, contraditórias e deselegantes de nossa vida. Não que este mundo em que vivemos seja a realidade, pelo contrário, a ilusão criada por Mara. Trata-se de mundo de samsara, inconsistente em sua natureza, um sonho dentro de um outro sonho. Ainda assim, pela sua chama de sensualidade e atração, o som do flautista de Hamelin, somos conduzidos como ratos para se atirar nas correntezas do rio. Em todo momento, recusamos a Iluminação, o caminho da compaixão, em detrimento ao ciclo de sofrimentos produzidos pelo nosso próprio karma. O karma da ignorância.
Penso que aqueles que escolheram a prática budista como norteador de suas vidas, como candidatos potenciais à Iluminação. Mais do que palavras de alento, estes praticantes necessitam da experiência da Iluminação no próprio samsara. Quando puderem sentir o mundo como único, sem diferenciações, nem divisões, então a sabedoria estará mais próxima. Até mesmo os iludidos, os deludidos, conseguirão triunfar, desde que a mente se torne única com o mundo, este mundo único.
A experiência com o sagrado no contexto do budismo zen é o reconhecimento do mundo da ilusão como terreno fértil para o plantio e semeadura da Iluminação. Não existe fuga para o budismo, nem para fora dele. Não existe fuga deste mundo em que vivemos. Quanto mais tentamos fugir dele, mais nos encontramos nas entranhas da existência delusão/iluminação.
Tratando-se das experiências do sagrado, de muito a distância entre as partes tornou-se censo comum. Mergulhado num universo fantástico no qual desfilam os símbolos, estes continuam símbolos nos discursos apologéticos, sem contaminar-se com a poeira das vaidades do mundo da cultura e da produção histórica. Como fossem coisas diferentes. Enfim, o maniqueísmo racional das polaridades eqüidistantes acabou permeando a nossa forma de atuar no mundo.
Não se trata, no entanto, apenas das religiões adâmicas e messiânicas este condicionamento. Outras tradições religiosas, inclusive, erram ao cometer o mesmo deslize. E nem o budismo zen pode escapar desta situação. Comprova este fato o comportamento de muitos praticantes, que diferenciam a vida comum da vida em ação meditativa durante o zazen. Surge neste momento, o perigo. Se não se consegue estender a prática da meditação sem objetivos, com a prática do cotidiano, então a ilusão não pode ser maior. Deixa transparecer a impressão de que o zazen é um paliativo diante da violência emocional durante a lida.
Neste caso, talvez haja falta de prática mais intensa, pois a mente em atenção cede lugar para a mente condicionada. Alguém chegou a me dizer de que a vida comum não acolhe a prática budista da Iluminação. Para quem se esforça a ensinar esta prática, esta afirmação não poderia ser mais desanimadora. Venceu a mente condicionada. Para esta mente, a aceitação das regras do jogo social, da maneira como apresentada, é fator determinante da vida. Se assim for, nada valerá a prática budista. A prática budista é justamente para quebrar tal condicionamento, a fim de sairmos das malhas da ilusão. Esta mente condicionada justifica que o mundo do trabalho impõe determinadas atitudes como responder a altura, quando agredido, fazer o jogo político, levar vantagens, buscar recompensas e lucros. Assim fica difícil a vivencia da sabedoria e compaixão ensinada pelo budismo. Na verdade, a prática budista deve se realizar nas condições mais efêmeras, contraditórias e deselegantes de nossa vida. Não que este mundo em que vivemos seja a realidade, pelo contrário, a ilusão criada por Mara. Trata-se de mundo de samsara, inconsistente em sua natureza, um sonho dentro de um outro sonho. Ainda assim, pela sua chama de sensualidade e atração, o som do flautista de Hamelin, somos conduzidos como ratos para se atirar nas correntezas do rio. Em todo momento, recusamos a Iluminação, o caminho da compaixão, em detrimento ao ciclo de sofrimentos produzidos pelo nosso próprio karma. O karma da ignorância.
Penso que aqueles que escolheram a prática budista como norteador de suas vidas, como candidatos potenciais à Iluminação. Mais do que palavras de alento, estes praticantes necessitam da experiência da Iluminação no próprio samsara. Quando puderem sentir o mundo como único, sem diferenciações, nem divisões, então a sabedoria estará mais próxima. Até mesmo os iludidos, os deludidos, conseguirão triunfar, desde que a mente se torne única com o mundo, este mundo único.
A experiência com o sagrado no contexto do budismo zen é o reconhecimento do mundo da ilusão como terreno fértil para o plantio e semeadura da Iluminação. Não existe fuga para o budismo, nem para fora dele. Não existe fuga deste mundo em que vivemos. Quanto mais tentamos fugir dele, mais nos encontramos nas entranhas da existência delusão/iluminação.
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