Conhecemos Seu Antenor em um hospital da cidade.Dividia o quarto com um amigo e praticante de nossa Sangha, também hospitalizado.
Seu Antenor é uma pessoa comum.Aposentado, aos oitenta anos, tem problemas pulmonares e também cardíacos.Marcas prováveis de sua atividade profissional.Foi estivador.Quatrocentos reais de aposentadoria, é o que recebe para viver.Valor insuficiente, sequer para custear os seus medicamentos.
As dificuldades enfrentadas na vida, passadas e atuais, são minimizadas pela atenção e cuidados dispendidos por seus familiares - esposa, filhos, filhas, noras e netos, visitas diárias no hospital.
Seu Antenor ao relembrar o tempo que passou, reconstrói a sua vida sem ressentimento.O mar é a lembrança recorrente.Do mar sairam as sacas pesadas que transportou no lombo.Um mar com águas cristalinas ainda não contaminadas, onde botos nadavam na orla da praia.Observado com apreço por seus familiares, refaz em breves relatos a história de sua vida.
Este senhor de origem humilde e modos educados, testemunha e nos ensina com sua história pessoal que mesmo a dura realidade da vida permite acolher sentimentos de amor, alegria e gratidão.
Se estamos habilitados a viver moldados por estes sentimentos, percebemos e aceitamos as limitações e restrições frequentes à vida, e acabamos por compreender, assim como Seu Antenor, que a vida é o que fazemos dela.
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