sexta-feira, junho 22, 2007
Barbearia Kimura
Jisho, realmente lhe chamei para criar uma maior proximidade por causa da lingua, já que haviam me dito que o dono da barbearia não falava bem português, o que iria atrapalhar minha negociação e servir como álibi ao contrário, digamos assim, para ele provavelmente não me dar muita atenção. Pensei, vou levar um amigo que fala japonês e que, de quebra é monge, claro que eu sabia que isso poderia ser um apelo também, mas o mais importante era a familiaridade no idioma. Levei também as fotos que havia tirado no último Rohatsu Sesshin numa tentativa de "provar" que minhas intenções eram sérias. Foi assim que me preparei para o momento em que a "mágica" poderia acontecer, e aconteceu. Depois de aprovada a minha permanência na loja para as fotos, eu queria voltar no dia seguinte, mas Jisho insistiu no "aqui agora", muito bom! Fiquei, das nove da manhã até as onze e meia, depois voltei a tarde, com uma bandejinha de doces comprada por perto - conselho de Jisho - e fiquei das quatro e quinze até as oito da noite. No fim do dia elas começaram a pergutar se eu não ia embora, "Você não está cansado?..." Respondi: "Vocês também não estão aqui (trabalhando)?" Fui ficando, aprendi que para se conseguir boas imagens temos que ser os primeiros a chegar e os últimos a sair. O último cliente saiu e a dona do estabelecimento olhou séria para mim, "Agora acabou!", eu ainda queria fotografá-la se arrumando para ir embora, não deu, fui embora exausto e feliz, com quase 600 fotos.
A foto acima foi feita às seis da tarde num momento de pausa, pode-se ver ao fundo uma funcionária de um boteco vizinho que foi na barbearia fazer um lanche com as amigas. A senhora de braços cruzados é a proprietária - está no Brasil há quarenta anos - espera por um próximo cliente. O senhor que toma chá e lê jornal não foi cortar o cabelo nem a barba, apenas entrou, sentou-se no sofá, serviu-se do jornal e foi servido de chá e docinhos. Meia hora depois levantou-se, se despidiu e foi embora.
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Nas mais simples atitudes aprendemos o budismo. Isso é maravilhoso. Tudo pode acontecer neste mundo da impernanência. A experiência mística do budismo é justamente a prática levada às últimas conseqüências. Acho que somente os praticantes desta natureza podem falar a respeito.
ResponderExcluirA imagem está tão próxima...espio para dentro da barbearia e quase consigo transpor a passagem da porta.
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