Certa ocasião de minha vida interessei-me a estudar Teatro No, principalmente canto e dramaturgia. Ingressei neste universo mágico no qual a organização se dá através da construção dos diálogos entre o ator principal e o coadjuvante. São inúmeras as categorias das peças como femininas, guerreiras, fantásticas, corriqueiras. Quando se representava um dos papeis, usava-se máscaras. Tinha máscaras de jovens donzelas, guerreiros, velhos e demônios. Ao colocar a máscara, havia apenas o personagem, como que o ator não tivesse mais rosto. Por isso, era bastante comum um atriz fazer o papel de um guerreiro e um ator o de um menino ou ainda o de uma donzela. O ator ou atriz teria justamente o rosto de seu personagem, sem a inteferência de uma possível personalidade daquele que o usava no momento. Bem, personalidade quer dizer máscara. Assim podemos pensar, que aquele que tem uma personalidade está usando uma máscara. Esta máscara é uma representação de um tipo construído com características peculiares a fim de nortear a nossa própria vida. Mas não se trata de nós. Num dia usamos uma infinidade de máscaras ou personalidades.
Dentro deste raciocínio, alguém diz "sou desta forma e não daquele". É o mesmo que "somente uso esta máscara", por que melhor se ajusta às minhas necessidades de auto-preservação. A máscara serve de escudo diante das ameaças enfrentadas no embate social. Por medo, continuamente uso uma máscara ou a troca conforme a situação. Um ator pode ser tudo, ouvi dizer o diretor Antunes Filho. Todas as máscaras são possíveis. Mas acreditar que a máscara é o próprio rosto gera confusões. Não se trata disso.
Nenhum comentário:
Postar um comentário